Por Francisco Nery Júnior
Bem em frente à Estação Rodoviária. Ela já era mocinha. Vinha sendo regada, adubada e paparicada. Menina moça, doces os seus encantos de sedução. Seduziu o autor.
Não adiantaram os versos de Olavo Bilac: “Olha que belas árvores; tanto mais velhas quanto mais belas!”. Nem um Bilac adiantou! Entre o Luís Eduardo e a Rodoviária, se desenrolava um serviço de “poda”. Não tendo nascido hoje, um sinal vermelho se acendeu na minha cabeça. Dia seguinte, o horror. Horror é o mínimo que se pode dizer com desconfiança de vingança: a nossa – agora também do leitor – menina fagueira havia sido trucidada. Se o termo é pesado, chamativo talvez, deixa de sê-lo na medida em que o leitor verificar a foto abaixo>
Foto a seguir, duas mademoiselles a se abrigar na sombra de um fícus, em frente ao Hotel Portal da Ilha, plantado há mais de vinte anos com o finado Pesqueira.
Na próxima imagem, um carro lotado de vasilhames de compostagem e árvores outras também por nós plantadas que em nada atrapalham e em nada poderiam suscitar qualquer tipo de sanha destruidora. Poder-se-ia arguir se o local está melhor ou pior com elas.
Da nossa executada, restou o toco; que pode brotar. Pode teimar em renascer para, inclusive, proporcionar “sombra e consolo” aos seus algozes. Como o sândalo, pode vir a perfumar o machado que a feriu.
A função – remunerada – de arborizar não cumprida (prevaricação), pelo menos não destruir, matar, arrasar, atrapalhar um ato de cidadania que as mentes mais avançadas valorizam e reconhecem como questão de sobrevivência da humanidade.
Nada obstava a sua localização como atesta a foto abaixo. Grande e parruda, poderia barrar alguma jamanta desgovernada, como está na moda, em direção à entrada da Rodoviária.
Não se trata de esperar algum tipo de nobreza e virar cinzas como acabou de acontecer com o chefe do grupo de mercenários russos Wagner. Trata-se, apenas, de um exercício de lamento – e profunda decepção.