Por Francisco Nery Júnior
Ao atender uma reivindicação de um operário em determinada obra minha, um empresário de sucesso em Paulo Afonso observou o perigo de eu, o seu chefe eventual, ser tomado por bobo. Mantive a minha decisão. Uma decisão sensata e justa ser tomada por bobagem, não seria problema meu, respondi. Em outro encerramento de obra, para o discurso de inauguração, sugeri uma menção à competência e precisão de decisões de um subordinado para imediata discordância de alguém envolvido na empreitada. “Se eu sou tão bom assim, por que você não me dá um aumento?”, poderia ponderar o elogiado, argumentou o envolvido.
Vai ficando claro o dilema de pessoas de bem, como os dois amigos citados, no afã de serem justos e benevolentes sem perder o respeito como acreditamos ser o dilema de muitos dos nossos leitores. Em matéria publicada no Le Figaro de 10.02.23, a jornalista Lena Couffin nos oferece alguns conselhos sobre ser gentil e ajudar aos que nos procuram em nos fazendo respeitar.
Em primeiro lugar, romper com a ideia de sacrifício. Não mais confundir gentileza e sacrifício. Mostrando-se o solicitado muito pródigo, o solicitante estará sempre a exigir mais. Não se trata de fazê-lo sofrer ao dar um não. Trata-se de evitar o sofrimento para você mesmo. Sempre dizer um sim fará o solicitante concluir que os seus recursos são infinitos ou inesgotáveis.
Nada de autonegação. Fundamental continuar ligado aos seus próprios desejos e necessidades. Caso contrário, você será tripudiado e sempre solicitado a acceder.
Fundamental sair do automatismo do sim. Certificar-se se você realmente quer fazer um ato de gentileza ou se o favor está acima das suas forças. Ponderar antes de acceder de repente a uma demanda de ajuda, esperar por alguns minutos antes de aceitar o pedido. Responder a uma mensagem na semana seguinte, por exemplo.
Na impossibilidade de dizer um não redondo, a opção de sugerir uma ajuda na altura da sua capacidade, oferecer outra opção de ajuda, etc.
Aprender a dizer não com segurança inspira mais respeito, da mesma forma que não transigir e exigir respeito são a única forma de ser levado a sério.