“A gente deveria ter impedido essa eleição”, diz vereador sobre ausência do BTN na escolha do Conselho Tutelar de Paulo Afonso

A ausência de urnas no Bairro Tancredo Neves (BTN), nas eleições do Conselho Tutelar que ocorreram neste domingo, 6, foi tema de uma ampla discussão entre os vereadores na sessão desta segunda-feira (7), na Câmara de Paulo Afonso.

O assunto foi levantado primeiro pelo representante do bairro, o vereador Zé Carlos:  “O bairro foi desrespeitado, por isso quero mostrar a minha indignação em relação ao que aconteceu nessa votação. Todas as eleitas foram merecedoras, mas que os candidatos do BTN tivessem o mesmo tratamento, porque ficou difícil de transportar os moradores, até porque a justiça proíbe transportar eleitores, então os candidatos do BTN ficaram em desvantagem, e veio a derrota em peso.”

Logo após a fala de Zé Carlos, muitos vereadores o apoiaram e engrossaram as críticas. Bero do Jardim Bahia concordou com o colega:  “Você está com razão, inclusive participei dessas eleições, estive de perto observando e ao invés de expandir, foi retirado o BTN, e eu não concordo com isso, tem quedar acesso a todos”.

O mais experiente dos parlamentares de Paulo Afonso, Marcondes Francisco, detentor de oito mandatos seguidos, foi mais além e disse que os vereadores deveriam ter se mobilizado e impedido a eleição:

“Faltou de nossa parte, uma mobilização porque o Doutor Miguel entrou com um pedido na Justiça, mas foi indeferido, eu acho que a gente deveria ter criado um movimento e ter impedido essa eleição, essa é a minha opinião. Muita gente do BTN, do Rodoviário gostaria de participar dessa festa, desse momento e ficaram de fora, e é uma injustiça muito grande. Eu acho que para as próximas, nós precisamos nos mobilizar e não aceitarmos mais isso”.

Jean Roubert que é advogado falou que o povo do BTN foi tolhido do direito de votar e propôs a criação de um segundo Conselho Tutelar no Bairro Tancredo Neves:

“Eu quero incorporar ao seu discurso que a decisão de não colocar urna no BTN foi do Conselho que dirigiu o certame, o Ministério Público apenas fiscalizava. Eu vou apresentar uma indicação ao município, porque já existem em outras cidades, e a maior demanda é no BTN, o complexo todo. A lei do ECA, no artigo 131 permite a criação de outro Conselho lá no BTN, então é plenamente cabível para as próximas eleições, porque o povo do BTN foi tolhido ao seu direito de voto”.

O presidente da Câmara, Pedro Macário, que também é morador do complexo do BTN, ele reside no bairro dos Rodoviários também criticou:

“Eu vi uma revolta muito grande do pessoal do BTN e diga-se de passagem com muita razão, como iriam votar, primeiro se enche um ônibus param no meio do caminho não tem autorização, fiscaliza e se tiver um político perto de cara impugna a candidatura, então isso é triste  porque não confundam que um bairro humilde não seja igual a qualquer bairro do mundo e o bairro em que moramos, o BTN de um modo geral tem muita gente boa como tem no centro da cidade, eu acho que não pensaram bem, e olha que as pessoas humildes choravam para votar, mas sequer tinham dinheiro para pagar um ônibus coletivo para vir para cá, então deveriam ter revisto isso.”, disse Macário.

Recentemente, a presidente do CMDCA e coordenador do processo eleitoral, Járlita Valéria, explicou que a ausência de urnas no BTN ocorreu em virtude da mudança no processo de votação.

“Essa decisão atende à portaria normativa do TRE, que é o órgão responsável pela concessão das urnas eletrônicas para o processo de votação. Nos anos anteriores, a votação era manual e a divisão dos eleitores acontecia por zona eleitoral. Os moradores do complexo Tancredo Neves e distritos votavam no BTN e os da ilha e adjacências , no Colégio Carlina. Agora, com o uso de urnas eletrônicas, a organização dos eleitores só poderá ser feita por ordem alfabética. A Comissão Especial já havia tratado do assunto em reunião com os candidatos, sendo que eles sugeriram a concentração das eleições no centro. Tudo está dentro da legalidade e teremos um pleito com seriedade e transparência .”, falou Járlita.