Um ex-ateu agora um “agnóstico crente”
Por Francisco Nery Júnior
Assim ele se define, Eric-Emmanuel Schmitt, um agnóstico que crê. Está no Le Monde de 06 de agosto deste ano. Conta a história da sua transformação começando por afirmar que “depois que nossas sociedades não creem mais em Deus, elas creem não importa em quê”. E narra, em A História de uma Caminhada, o caminho que o conduziu do ateísmo para o cristianismo.
A narração é como, em Noite de Fogo, o ateu de 28 anos saiu (escapou) um crente do deserto de Hoggar em uma determinada noite de 1989. Marcante, significativo e penetrante: “Metamorfose para um cristianismo não mais somente intelectual, mas vivido através de todos os seus sentidos”, diz Eric Schmitt.
Ao tomar conhecimento da significativa transformação do filósofo, o papa Francisco, no Vaticano, o convidou a ir à Terra Santa, Jerusalém como “peregrino entre peregrinos”.
Eric Emmanuel demonstra surpresa, senão confiança, ao afirmar, na sequência, “Me surpreendeu o Vaticano que se apresenta como a voz oficial do cristianismo, não a voz do papa Francisco! Como alguém que ousa mostrar a distância que, às vezes, se criou entre a instituição que ele dirige e a realidade dos textos evangélicos”.
Ele continua: “Talvez ele considere que os ‘franco-atiradores’ manifestam mais o espírito dos evangelhos que certos representantes da instituição.”
Instado pelo seu interlocutor, o agora “agnóstico crente” [o que acredita] declarou que “aceitou a viagem, mas recusou a encomenda. “Financiei a peregrinação com meus próprios meios”, demonstrando, como assim interpretamos, o seu desejo de se manter um “franco atirador”.
Compilação e tradução de Francisco Nery Júnior