27 de julho de 2024

CRÔNICA – Rindo de mim – Uma confissão ao leitor (Francisco Nery Júnior) 

Por

Redação, sitepa4

Por Francisco Nery Júnior 

Não sei se os fiéis da Igreja Católica ainda se confessam o confessar sábio de uma organização que soube sobreviver por vários séculos. Aqui o nosso confessionário, o leitor o confessor e o autor o confessante. Não importa que a minha mulher e o meu filho me desestimulem, por assim dizer, mas carece não desistir. Leitor e autor num confessar contínuo.

A cena se passa em uma loja de ferragem. O filho, gente fina, amigo e ex-irmão de igreja, herdou o negócio do pai, também cabra de cepa e caráter. Ele faz falta. Observador – para qualquer presunção de ser cronista, observar; sempre observar -, verificava o expandir dos negócios não meus, mas dele. Expansão nas laterais, otimização dos espaços e alegria [minha] – pregada por Cristo. Muita satisfação em observar o desenvolvimento do próximo, até porque o desenvolvimento do outro pressupõe o seu próprio desenvolvimento.

Numa das minhas idas, observei a anexação do que me pareceu um escritório. Já foi dito que o cronista é observador. Havia uma divisão em vidro opaco o que me obrigou a chegar mais perto.

E o riso surpreendente do jovem empresário com o seu segundo do balcão. Não foram risos, porém. Foram gargalhadas! Riram e mais riram. Riram aos cântaros. Se esbaldaram de rir. Como só tinha eu no pedaço, eles certamente estavam a rir de mim. Melhor rir do que chorar. E consegui ouvir o comentário de um para o outro: “Esse é curioso mesmo!”.

A minha cabeça virou. O que se passava na cabeça dele? Curiosidade mórbida de minha parte? Medo de uma pressuposta inveja? Temor de um olhado maléfico? Mandinga? Má fé? Nada do que ficou patente no nosso segundo parágrafo? Necessidade de um banho de folha, até porque já era final de dezembro?

De passagem, o toque do empresário é exatamente despertar a curiosidade do cliente. Com essa finalidade, ele expõe os seus produtos e gera vitrinas as mais atraentes. O cliente, curioso pela provocação, para, olha, entra no estabelecimento e compra. Pessoal, produto e lucro, o resumo de uma empresa por Lee Iaccoca.

Para felicidade geral, tudo tomou seu lugar depois que a banda passou. Creio que a minha sinceridade em relação ao sucesso do jovem ficou esclarecida e a necessidade de passos e contrapassos, rezas, folhas e incensos dispensada. É o que acho e espero.

Hoje é 31 de dezembro e creio a possibilidade intrigante de ver, na igreja cristã que frequento, alguns irmãos vestidos de branco, como já vi em anos anteriores, em louvores incessantes e gritos estrondosos de aleluia.

 

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