27 de julho de 2024

Ciepa, amor à primeira vista (Francisco Nery Júnior)

Por

Redação, sitepa4

Por Francisco Nery Júnior

Ciepa, amor à primeira vista – Nos tempos do Ciepa

Eu era professor do Colepa, da Chesf. À primeira vista – não me lembro o que fui fazer por lá – uma olhada para dentro de uma sala de aula e algo diferente. Até a raça diferente. O amor e a liberdade tornam as coisas belas! Com o passar do tempo, a verificação de o bairro, lá pelo Ciepa, ser celeiro de bons alunos. Deve haver alguma lógica.

E me encantei pelo Ciepa. Era o Ciepa da professora Noêmia e o barco sempre será o capitão. Fiz um concurso e para lá entrei. Quarenta horas semanais mais quarenta pelos lados da Chesf, um tombo pesado. Após dez anos, pedi demissão com o protesto, data vênia dizer, de alguns colegas. Deixar o Estado?! Sim, deixar. A vida não é só dinheiro e Deus proveria; como proveu. O Ciepa não mereceria um trabalho esgotado e egoísta de minha parte. Dez anos fora e novo concurso. Passei de novo e voltei, pessoal – e me aposentei após rodar, até agora, [pelo Ciepa] por cerca de quarenta anos. Sempre passo por lá orgulhoso de o Governo da Bahia estar tratando o Ciepa como ele sempre mereceu.

Comecei lá atrás. Primeiro dia de trabalho, a professora Noêmia na cabeceira da mesa. Era uma reunião. A minha intenção era ficar calado. Quem chega, chega de mansinho. Mas a diretora se queixava de um retorno muito baixo de um “investimento” que conseguiram dela arrancar, fundos da Caixa Escolar. Quatro mil não sei o quê (cruzeiros?) tinham sido investidos em uma espécie de cantina que traria muito lucro. O espanto – e a queixa – de Noêmia era o retorno baixo de apenas 200 cruzeiros.

Como ela insistisse na sua decepção, resolvi arguir: “Mas, Noêmia, ainda bem que houve retorno. Mal ou bem, houve rendimento!” E a resposta característica de uma diretora de quem o colégio se orgulha até hoje: “Lucro coisa nenhuma, menino!”. Do capital inicial (4000 cruzeiros) entradas e saídas, compras e vendas, só restaram 200 cruzeiros.

Fui para o Ciepa e resolvi fazer diferença com uma diretora diferente. Conseguimos arborizar o colégio. Sombra e consolo para os jovens estudiosos. Algumas mudanças outras com os parcos recursos de que dispúnhamos. Projetei a primeira rampa de acesso para deficientes. “Apenas um na escola”, observou Noêmia já “assessorada” pelos ativos de plantão. “Muitos outros virão no futuro”, ponderei. Dá gosto passar pelo Ciepa e ver rampas de acesso em todos os lados.

E no início, fui pra lá com gosto. Eu já havia verificado, misto de espantado e feliz, que lá era possível dar aulas como me haviam ensinado na faculdade. Fui, então, com gosto. Do outro lado, a “queixa” nociva que eu “estava me dedicando demais”. As meninas, Helena, Ivone, Nazaré haviam me colocado como coordenador de área. Educação para o Lar, Inglês e Técnicas Agrícolas. Com Técnicas Agrícolas, algo relacionado com a manutenção do ambiente escolar.

Foi quando, em um fim de semana, com o auxílio de Genival e seu Antônio, pegamos um monte de blocos queridos de Noêmia reservados para um projeto posterior. Pegamos o tesouro de Noêmia e marcamos canteiros e vielas pela vasta extensão do Ciepa. A recomendação de Noêmia [foi] para ir mais devagar e ouvir [também] a opinião dos outros. A turma é muito competente e presente nas opiniões.

Abro um espaço para deixar lavrado que lutamos contra todas as tentativas de arrancarem de nós a nossa área escolar. Data vênia, um orgulho santo de ter liderado a luta para a preservação de espaços que tornaram possível a ampliação e a construção de vários equipamentos no Complexo Cetepi-1, antigo Ciepa. Desnecessário dizer que enfrentamos algumas caras feias e fizemos alguns inimigos.

A nossa horta escolar, pessoal, funcionou e forneceu hortaliças e legumes para a merenda escolar. Com o apoio da direção, com poucos recursos e dedicação, dinamizamos as atividades de educação para o lar, dedicação comovente da professora Helena.

Caminhando para o final, o reconhecimento a uma plêiade de funcionários todos pela dedicação que tornou possível o desenvolvimento do Ciepa para o Cetepi eficiente dos nossos dias. Se houvesse educação de qualidade no Brasil, já seríamos uma potência mundial. Com educação, decolaram a Coreia do Sul e a China. Já teríamos decolado. O indivíduo educado não estagna. Uma cabeça pensante sempre descobre um meio para decolar. Não admite a miséria. Não se conforma e protesta. Miséria, fundamentalmente com Deus, não casa com educação. O homem educado, vale insistir, aproveita os recursos à sua disposição – a terra é pródiga – e decola.

Um detalhe de gente boba, como o autor: das muitas dádivas recebidas pelo Ciepa, Picolé, o nosso cachorro mascote que morreu de velho na nossa escola, amado e paparicado por todos nós. Picolé foi uma benção. Quantas aulas desenvolvidas com Picolé à porta como a querer atestar, para os alunos, que aquilo era o que tínhamos que fazer; que a educação era o único caminho para um mundo melhor!

Amamos Picolé. Dele – e do seu harém – a saudade. Com ele, definitivamente sepultado no nosso pátio central, a certeza de termos todos feito o que nos foi confiado. Poderíamos ter feito melhor. Feito mais. Mas fizemos o possível.

E contemplamos hoje, ao passar, um Cetepi, queremos dizer um Ciepa, retumbantemente vitorioso para aproveitamento e felicidade dos alunos de Paulo Afonso, objetivo final de toda a saga do Ciepa.

P.S. Após Noêmia, Antônio a tiracolo; Vera, dedicação total; João e Lourdes; Jadilson; Adélia; Wallace.

 

 

Crédito das fotos: Galilleu Matias (publicadas na internet há 3 anos)

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