26 de julho de 2024

Internauta: Os meios justificam os fins?

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Há pouco menos de uma semana postei nesse portal um artigo que tratava de expor alguns contornos sobre o real sentido da democracia. Como forma de trazer à cabo a discussão utilizei as faláceas proferidas sem qualquer medida de bom senso pelo “deputado” Bolsonaro, explicando e questionando a política do ódio encarnada e praticada conta a diversidade de gênero. Para aqueles que se identificaram com o assunto e renderam seu tempo para ler os comentários desmedidos, preconceituosos e discriminatórios postados por populares de Paulo Afonso, certamente perceberam que a recusa em aceitar aquilo que lhes parece diferente tem supedâneo meramente na religião.


 


Foram inúmeros ataques à diversidade de gênero, havendo, inclusive, um leitor (se é que assim o podemos chamar) que questionou a moral religiosa do vereador Ozildo Alves, simplesmente porque como parlamentar e grande periodista abriu seu portal para que as ideias democráticas e fruto de investigações científicas fizessem parte de seu acervo de notícias.


 


Pois bem, essa religião que em nome de Deus trata mal, amaldiçoa pessoas, recruta indulgentes para maldizer tudo que saia da rotina e pertença à diferença, em nome dessa religião, hoje dia 07 de abril de 2011, mais um ato de premente intolerância religiosa e de fanatismo foi perpetrado em nossa sociedade. Os jornais do mundo inteiro que possuem sua versão on line estampam que o Brasil está na mesma linha dos países Árabes radicais, onde a violência contra os iguais tornou-se algo corriqueiro e sempre justificado pela religião e por Deus. Mas que Deus?


 


A diversidade religiosa é protegida pelo Estado, tanto é que em nossa Constituição não há menção a qualquer forma de convicção, sendo consagrada a laicidade do Brasil pelo Legislador, o que permite que se construam cultos religiosos a quaisquer deuses, havendo, sobretudo, proteção estatal no que diz respeito a seus templos, a exemplo da imunidade tributária.


 


O que mais me espanta e creio que a essa hora vocês que me leem devem estar estarrecidos é que a atrocidade cometida contra uma escola no Rio de Janeiro não é derivada de um psicopata que mata por matar ou mesmo de um louco que mata por estar inconsciente. Não! Trata-se de um fanático religioso que em nome de algum deus (escrevo com letra minúscula porque o meu Deus não se encaixa nesse substantivo) resolveu matar inúmeros seres humanos e em seguida se matar. A mim me parece que estamos diante daquela história: é melhor matar alguns inocentes e depois se matar, porque aí eu saio como um mártir, sem qualquer punição da justiça pública e social.


 


Como pesquisador que paga seu curso no extranjeiro (porque aqui também há espaço para brasileiros que se dedicam à investigação científica) pude observar que no decorrer da nossa história mundial a religião, via de regra, sempre justificou as maiores atrocidades contra a humanidade. A religião ou ainda pessoas que se diziam ligadas a um culto divino, foi a grande responsável pelos séculos de horror que viveram nossos antepassados, e pelo visto, ainda como o verdadeiro mal do século, é ela que continua legitimando muitas formas de violência e de intolerância.


 


Em verdade, ela, a religião, deveria ter outro papel, deveria utilizar seus preceitos para atrair as pessoas para o bem, para fazer o bem, para pensar e divulgar o bem. Assim como pensadores dos séculos passados, que em muitas passagens de suas criações deixavam claro que suas ideias há muito demorariam para fazer parte do cotidiano dos seus semelhante, eu também tenho a esperança de que um dia a gente possa de fato viver e conviver com a diferença, seja quando nós formos diferentes ou mesmo quando o outro seja diferente. Então eu lhes proponho, que tal usarmos o fanatismo e o preconceito para criarmos uma frente fanática e preconceituosa contra a fome, contra a intolerância de raças, contra a intolerância religiosa e contra a corrupção. Que tal, se nós vestíssemos a camisa da religião chamada amor ao próximo, com princípios ligados à bondade, à pacificação e à adoção de proporcionalidade nos comportamentos?


 


Por fim, lhes deixo outro questionamento. E não é retórica. Por acaso vocês sabem porquê os conflitos no Oriente Médio nunca deixarão de existir? Será tão somente pela disputa de terras e do petróleo que o ódio racial entre os povos dessa região se sustenta? Se você conseguir responder a essa pergunta tendo em mente tudo que acima foi escrito, parabéns, seja bem vindo ao século XXI, ao século do racionalismo que leva em conta, sobremaneira, o amor ao semelhante.


 


 


Buenos Aires, 07 de abril de 2011.


 


CESN – Advogado, Especialista e mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Aberdeen, Reino Unido e Doutorando e Ciências Jurídicas pela Universidade del Salvador – Argentina.

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