27 de julho de 2024

MST ocupa 30 fazendas na Bahia. Em Paulo Afonso, o alvo foi a Chesf

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Trinta fazendas supostamente improdutivas ou localizadas em áreas devolutas – pertencentes ao Estado – foram ocupadas de sábado (2) até esta segunda-feira (4) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, durante as ações do Abril Vermelho, a Jornada de Luta Pela Reforma Agrária que lembra o assassinato de 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996. O objetivo do movimento é, até o próximo dia 17, ocupar 50 fazendas no Estado.


Hoje, no extremo sul da Bahia, berço do movimento no Estado, foram ocupadas mais duas fazendas – o MST já tinha adentrado em outras quatro propriedades no sábado e no domingo. As fazendas ocupadas na região são em Alcobaça, Teixeira de Freitas, Jucuruçu, Itabela e Porto Seguro. Duas delas pertencem à empresa Veracel Celulose S.A., que atua no ramo de plantio  de eucalipto para produção de celulose em dez municípios da região, com fábrica em Eunápolis.


Numa das fazendas da empresa ocupadas, o Conjunto Muqui, de 6,8 mil hectares, os sem-terra destruíram ontem cerca de 10 hectares de eucalipto. A TARDE esteve hoje na fazenda, situada a 16 km de Itabela, na beira da BR-101, e presenciou a derrubada, feita por homens, mulheres, idosos, jovens e crianças, todos com facões, foices, facas e enxadas. “Vamos plantar feijão no lugar do eucalipto. O povo precisa é de comida, não é de celulose, não”, disse o integrante do movimento, Erisvaldo Rodrigues, 47.


Na fazenda, estão cerca de 450 famílias e, segundo o coordenador do acampamento, Luciano Fernandes, até o final de semana irão mil pessoas para lá. A outra fazenda da empresa foi ocupada ontem pelos sem-terra. Cerca de 200 pessoas adentraram a área, localizada em Porto Seguro, ainda na madrugada, e passaram a derrubar os pés de eucalipto. “Há suspeitas de que essas áreas da Veracel estão em terras que são do Estado, e por isso queremos que seja feita a discriminatória [demarcação da área]”, declarou o coordenador do MST na região, Evanildo Costa.

No extremo sul, até o dia 17 deste mês, o MST garante que vai ocupar pelo menos onze fazendas, mobilizando cerca de 3 mil sem-terras – atualmente, na Bahia, são mais de 25 mil pessoas ligadas ao movimento acampadas em fazendas alheias. O coordenador do MST na Bahia, Márcio Matos, informou que as outras ocupações do movimento foram na região de Juazeiro, num projeto de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf); o escritório regional da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em Paulo Afonso; uma fazenda de seringa, em Ituberá, no baixo sul; três fazendas na região sudoeste; na Chapada Diamantina; no Recôncavo Baiano, em Feira de Santana e em Sátiro Dias. ´´Isso é só pra exemplificar´´, disse.

Com as 50 ocupações, o movimento espera mobilizar mais de 12 mil pessoas. “Eu fiquei sabendo que estavam dizendo por aí que não estávamos mobilizados, com os acampamentos vazios. Essas ocupações são uma prova da nossa luta pela reforma agrária no País, e queremos que o governo Dilma nos dê uma posição sobre o que será feito, pois não há nenhum posicionamento com relação a isso. Temos muitas demandas na área de saúde, educação, infra-estrutura e outras que não vem sendo resolvidas”, afirmou Matos, segundo o qual, no Brasil, até o dia 17, serão ocupadas mais de 100 fazendas.

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