26 de julho de 2024

Athilom Marinho: “Tenho Medo dos Jovens”

Por

OZILDOALVES.COM.BR – CONTATO


Mensagem enviada através do site em 21/2/2011 – 10h2m


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Nome: Athilom Marinho


E-mail: atl_um@hotmail.com


 


Mensagem: “TENHO MEDO DOS JOVENS”


 


Vi, num programa de televisão, uma senhora de 72 anos ganhando o primeiro lugar em um concurso de talentos da maturidade. Ela declamou, com uma beleza estonteante, o poema ASSOMBROS, de AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA. Um repórter aproveitando-se do título do poema fez a seguinte pergunta: O que mais assombra a senhora? A resposta foi rápida: “Os jovens! Tenho medo do que eles estão se tornando”. Todos ficaram pasmos com a resposta.


 


O repórter, ainda atordoado, perguntou por quê? Ela, simpática e sem perder a firmeza nas palavras, continuou: “Nossos jovens têm pouquíssimos exemplos de sensibilidade, inteligência e cultura. Os adultos não mais se interessam em se tornar admiráveis. Nossos jovens estão reproduzindo suas posturas, são suas referências, infelizmente”.


 


Há um ano, em Aracaju, uma mulher de 79 anos teve a perna quebrada. Estava na calçada de sua casa e ouviu um barulho de moto. O cano de descarga das motos às vezes é alterado para fazer um ruído insuportável e assustador. O jovem decidiu não passar por cima do quebra-molas. Como também é costume aqui em Paulo Afonso, muitos motoqueiros, jovens ou não, preferem passar, em velocidade, no pequeno espaço entre a lombada e o meio-fio. Foi o que aconteceu.


 


A senhora não podia correr, mas precisava se afastar, prevendo um acidente. Ao recuar, tropeçou e quebrou o fêmur. Qualquer pessoa que não costuma raciocinar diria que foi uma fatalidade, que o garoto não tinha a intenção de lhe fazer mal. Bem, seu eu jogar uma faca pra cima é bem provável que eu não queira causar um acidente, mas a gravidade e o bom-senso dizem que a faca vai descer. E as chances de alguém sair machucado dessa idiotice não são pequenas. Mas para se chegar a essa conclusão exige-se o mínimo de consciência dos próprios atos.


 


Contudo, consciência não se transmite só com palavras. Gente só se torna consciente quando suas referências, ou seja, aqueles que decidiram educá-los, praticam o que ensinam. Pais que dão motos e carros ou qualquer outra coisa para os seus filhos deveriam fazer um esforço pra perceber, um pouco que seja, se eles têm responsabilidade e respeito. Ou eles vão achar que os outros são insetos incômodos, empecilhos para suas aventuras. E se você reconhece que não se esforçou pra ser alguém com consciência, pelo menos não bote poder nas mãos de seus jovens filhos para amedrontar e transtornar ainda mais a vida alheia.


 


A juventude é o reflexo de nós adultos. Tenhamos mais cuidado com o que ensinamos, ou melhor, com o que somos, para que possamos nos orgulhar dos nossos jovens e não temê-los. A senhora, no final da entrevista, repetiu as últimas palavras do poema declamado tão bem por ela: “Em mim há algo imóvel e soterrado em permanente assombro”. É triste, mas é verdade: os assombros continuam se multiplicando.


 


Athilom Marinho

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