19 de abril de 2024

Descaso: trecho da BA-210 pode provocar grande tragédia

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Para apoiar os trabalhos de construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – Chesf, construiu no início dos anos 90, um trecho de estrada, a BA-210, com uma extensão de 24 quilômetros, desde o entroncamento no quilômetro 4 da BR-110 até o Riacho Xingozinho, na divisa com o Estado de Sergipe, onde se liga com a rodovia SE-206 e segue por cerca de 60 quilômetros até Canindé do São Francisco, onde está a Usina de Xingó, continuando até Aracaju, capital do Estado sergipano.

A BA-210 tinha, naquele tempo, intenso trânsito de ônibus, caçambas e veículos pequenos que transportavam centenas de trabalhadores para a grande obra, a maioria deles moradores de Paulo Afonso e povoados.


 


Encerradas as obras de Xingó, o tráfego de ônibus, inclusive linhas regulares, e todo tipo de veículos continuou porque a estrada encurta a distância entre Paulo Afonso e Canindé do São Francisco e Aracaju.

Esses 24 quilômetros passam nas sedes dos povoados Rio do Sal, Malhada Grande e Xingozinho e permite o acesso a outros povoados através de estradas vicinais.

Até o ano de 2005 dezenas de pessoas morreram em acidentes num trecho da BR-110 chamada Curva da Babozeira, bem próxima da estrada BA-210.

Depois de muitos movimentos para que se melhorasse o trecho da Curva da Babozeira, até com a interdição da estrada feita por políticos e moradores da região, foram, enfim, realizadas obras de melhoria da estrada nesse trecho que ganhou nova sinalização horizontal e vertical e os acidentes acabaram.

Ainda nesse ano de 2005 uma grande cheia do Rio do Sal levou mais de 60 metros da estrada BA-210 deixando isolados todos esses povoados de Paulo Afonso e impedindo o acesso a Usina de Xingo e à capital sergipana por essa via.


 


Chamado para resolver o problema, o Governo do Estado da Bahia não realizou um trabalho e na primeira chuva foi-se embora grande parte da obra que está até hoje totalmente abandonada, com montes de terra colocados em um dos lados da pista há quase dois anos e permanecem ali, até nascendo mato neles.

A situação hoje é muito perigosa. Os ônibus da empresa Bonfim e os de turismo que faziam esse trajeto de Aracaju para Paulo Afonso mudaram suas rotas, aumentando o percurso em muitos quilômetros e vêm agora via Delmiro Gouveia (AL).

Apenas meia pista, em precárias condições de tráfego, está liberada e ainda é utilizada por caçambas, vans e carros pequenos que fazem as ligações da sede do município com os povoados e com o Estado de Sergipe.


 


Além de prejudicar o fluxo normal de veículos para Sergipe, o problema da estrada está prejudicando muito os moradores destes povoados, especialmente os de Malhada Grande onde existe um pólo de artesanato que exporta seus produtos – redes, toalhas, mantas, jogos de banheiro e um sem número de peças feitas de linhas em seus teares manuais – para a Europa e vende diretamente para os turistas que chegam a Paulo Afonso, que fica a poucos quilômetros.

Todo o trecho rebentado da rodovia BA-210 fica próximo às casas do povoado Rio do Sal e a apenas 4 quilômetros do trevo com a BR-110.



E seu Heleno,”nascido e criado aqui, onde moro há 27 anos, depois de trabalhar em Paulo Afonso” é categórico ao afirmar: “Basta uma cheia pequena do Rio do Sal pra levar o resto da estrada. Aquilo tudo ali é terra solta. Quando fizeram os bueiros eu disse que precisava ser seis ou oito. Eles teimaram e fizeram só quatro e eu disse ‘numa cheia boa o rio leva tudo’. Foi o que aconteceu”. E conclui o morador na segurança de quem sabe o que está falando, “oxe, do jeito que ta ali, basta uma chuvinha mais forte. Se o rio tomar água leva a estrada.” E tirando o chapéu, em sinal de reverência, completa, “E Deus queira que não morra gente.”

Há um mês atrás a Prefeitura de Paulo Afonso implantou um projeto turístico de grande dimensão no cânion do Rio do Sal, que deve atrair muitos visitantes para passeios de catamarã no cânion do Rio São Francisco.


 


Eles enfrentarão quatro quilômetros, da BR-110 ao Rio do Sal, em péssimas condições de tráfego, cheios de buracos e sem acostamento nem sinalização horizontal e vertical. Chegarão ao Rio do Sal, mas dificilmente irão à Malhada Grande, logo adiante, pois terão que se arriscar no trecho da estrada destruído pela grande cheia do Rio do Sal em 2005 e 2006 e que fica entre esses dois povoados.

O risco de uma tragédia é iminente porque vans conduzindo alunos das escolas desses povoados, Malhada Grande, Lagoa da Pedra, Xingozinho e outros da região e moradores da região que ainda transitam por essa estrada uma vez que não há nenhuma outra alternativa a não ser que viagem no sentido contrário, entrem por estradas vicinais nem sempre bem conservadas ou percorram longo trecho da SE-206 que está em perfeitas condições de tráfego, aumentando as viagens em muitos quilômetros e horas para se chegar a Paulo Afonso.

Os moradores da região já estão se mobilizando para exigir do Governo do Estado uma imediata solução para esse problema que vem se arrastando há mais de três anos, prejudicando milhares de moradores e o crescimento econômico dessa região.

Os deputados estaduais Paulo Rangel (PT) e Luiz de Deus (DEM), além dos Deputados Federais Lídice da Mata(PSB), Mário Negromonte(PP) que têm ligações políticas com o Governo do Estado e o Deputado Federal José Carlos Aleluia(DEM), além dos vereadores da Câmara Municipal de Paulo Afonso e o Prefeito Municipal Raimundo Caires, estão recebendo um relato da situação, elaborado pelo Conselho Municipal de Turismo no qual se mostram os prejuízos para o turismo regional que a situação desta estrada está causando.

O assunto mereceu matéria de capa do jornal Folha Sertaneja, edição nº 15, de 30 de abril de 2005 e até o momento não se conhece nenhuma providência por parte do Governo Estadual para solucionar esse problema, nem qualquer ação recente dos vereadores e outras autoridades municipais sobre essa grave situação.

Esperamos que não seja preciso que aconteça uma tragédia de grandes proporções com muitas mortes, como aconteceu na Curva da Baboseira, para que alguém julgue oportuno tomar uma providência e resolver esse problema.


 


Fonte: folhasertaneja.com.br

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