Conversa aos trambolhões
Aos trambolhões, leitor, aos trambolhões, lá vai uma conversa que me parece fácil. Inacreditável, mas fácil. Em Paris – e eu passei e vi uma senhora patrioticamente cuidando de um canteiro no meio da rua -, as pessoas foram convidadas e entenderam, dentro da sua visão de povo desenvolvido, na sua consciência de ponta de lança e de mente aberta; entenderam que é mister participar.
Em Paris, na França, vamos repetir, cidadãos, conclamados pela prefeitura, plantam flores e árvores na Cidade Luz. Procurei, como um, imitar o que é bom. Combati o meu espírito tupiniquim plantando na cidade, sorrateiramente (geralmente à noite, às vezes de óculos escuros para não ser acusado de “interferir”), árvores cuidadosamente selecionadas. O combate foi fazer o mesmo que os franceses. Os nomes, [isto] pouco interessa. Frutos de sementes que trouxe de Cabo Verde (Dr. Diógenes, competente professor de IFBA, com larga experiência em Israel, não vê inconveniente nenhum. Francisco Alves, ecologista de primeira linha, me confessou que o plantio de uma árvore compensa óbices menores), descendentes das árvores próximas à Basílica do Senhor do Bonfim em Salvador e mudas oferecidas por amigos viajantes esclarecidos foram plantadas em locais nada inconvenientes; nada que possa parecer exagero, sombreamento excessivo e tudo mais do gênero.
Pois verifico que mais de uma e de duas, algo em torno de cinco ou seis, foram, têm sido, insensivelmente erradicadas, isto é, arrancadas pela raiz. Não é possível algo pessoal. Custa crer. Algo político no sentido primitivo da palavra? Quero duvidar que o senhor gestor municipal tenha conhecimento que aquilo que é realizado nada mais nada menos que em Paris seja, pela raiz e pela picareta, abortado de forma incompreensível em Paulo Afonso.
Consegui quase que dobrar o número de árvores do Campus do IFBA. Consegui arborizar a área do Cetepi (Ciepa para nós). Plantamos uma árvore na frente da Câmara Municipal, árvore plantada pelo presidente daquela casa com a presença de vereadores. Da minha casa, no BNH, até o Colégio Sete de Setembro, para ficar apenas em um trecho de dois quilômetros, o leitor encontrará cerca de cem árvores que estão lá por minha atuação. Não creio que o amigo – assim penso – Anilton Bastos seja diferente; pense diferente. Coisas que podem acontecer? Terrível coincidência? Algo consertável? Pode ser.
Que mal, leitor, que mal poderiam estar fazendo duas, três ou mesmo cinco árvores em uma cidade quente de desanimar? Que mal? Por que não deixá-las fazer o seu trabalho, tarefa que lhes foi atribuída pelo Criador – que elas tão bem a fazem?
É isso. De desânimo em desânimo, vamos lutando para não chegar ao desânimo total.
Que o leitor não interprete este arrazoado como jactância. Que o considere apenas um lamento de quem luta incansavelmente para não perder a crença nas pessoas.
Francisco Nery Júnior