27 de julho de 2024

Francisco Nery: O joio e o trigo – a saída de Walter Pinheiro do PT

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Walter Pinheiro é um senador ativo. Foi eleito sob a sigla e o manto do Partido dos Trabalhadores, seu partido desde 1983. Ele esteve em Paulo Afonso e conversou conosco como candidato “em visita às bases”. Podíamos ver a gana com que lutava pela vaga no Senado para servir com lisura e com trabalho à Bahia. Agora, acaba de se desligar do velho partido dos sonhos de brasileiros muitos dos quais creem no socialismo responsável. Já vinha dando sinais de decepção. Os argumentos não mais saíam do fundo da alma. O que, a propósito, teria levado o aguerrido senador, o primeiro do PT pela Bahia, a abandonar o velho barco?

Pode ter sido a lastimável situação da economia. Quase 4% de retração do PIB em 2015 não é brincadeira. Previsão de mais quatro para 2016 é de arrebentar qualquer resquício de esperança. Dívida pública beirando os 3 trilhões de reais, um tsunami. Taxa de desemprego nas alturas, um golpe de misericórdia. Petrobras com uma dívida de 500 bilhões de reais, ação de 50 reduzida para cerca de 4 reais, lástima de doer o coração.

Como o PT é – ainda é – a encarnação do próprio Luís Inácio da Silva, as suas declarações de delírio podem ter, também, desencantado o senador. Igualar-se a Getúlio Vargas é quase uma blasfêmia. Declarar-se o único capaz de tirar o país da crise, no mínimo uma falácia; uma jactância. Atribuir a crise econômica ao juiz Sérgio Moro, um delírio. Tentar impor a alcunha de golpe ao processo de impeachment – contra a opinião da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal – um abraço de afogado. Lula poderia se calar. Entocar-se. Beneficiar-se do direito ao recolhimento. Silenciar-se totalmente. Talvez reconhecer que o seu tempo passou. Mais ainda, se nos parece, reconhecer que deixou passar boas e amplas oportunidades de mudar o Brasil – para melhor.

Pelo exposto, a debandada não é apenas do PMDB que deixou oficialmente a base de apoio ao governo. O PMDB oficial que abandonou o barco que faz água em profusão não é o único “joio” da história. (A figura bíblia foi usada pelo líder do governo no Senado Humberto Costa.)

A cruel decisão sobra para nós, brasileiros mais uma vez decepcionados com o sonho de um Brasil grande esperançosamente sonhado: estamos assistindo à saída do joio do trigo ou do trigo do joio?

Francisco Nery Júnior

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