Se o leitor me conceder dois dedinhos de prosa, vai me permitir um pequeno prólogo. Quando estudante frequentei algumas vezes o Restaurante Popular, na cidade de Juazeiro-BA. O governo nos dá esse benefício, porque o estudante pobre é sofredor. Tudo que se tem é para comprar livros e apostilas – no meu caso pagar a passagem do ônibus também, já que eu morava num bairro um pouco afastado da biblioteca.
No entanto, havia alguma coisa que separa minha realidade das tantas vidas naquela fila. Eu estava num período transitório “estudante” e com muita comida em casa. Os maiores frequentadores ali só tinha para aquele dia esta feição e está na fila não era opção, mas necessidade.
Digam-me cá, aumentar em 200% o valor da comida do Restaurante Popular de Paulo Afonso, onde se pagava R$ 1 e agora se vai pagar R$ 3, para quem frequenta por opção está de bom grado, mas àquele que precisa pagar todo dia, é o mesmo que “dá com a esquerda, e tirar com a direita”.
Que se diga, esta foi a matéria de tantas em 2015, que eu mais me orgulho de ter feito, pois vejo que passado o tempo tivemos um resultado. E o povo cobrava, e o povo clamava.
O Restaurante Popular nasceu no governo federal, em 2003, com outras medidas também previstas no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Há oneração para os municípios – mas se gasta tanto com coisas sem tanta urgência- que é importante fazer este sacrifício.
Reitero: a quem vai ao Restaurante Popular uma vez perdida, se alimentar de uma comida saborosa, higiênica e saudável, R$ 3 não muda nada. Para quem precisa dele todos os dias será um sufoco.
É preciso dizer o óbvio: a Secretaria de Desenvolvimento Social precisará rever este valor, para àquelas pessoas cujo Restaurante é a única opção de não passar fome.
Depois de tanto tempo fechado, o pobre ficou feliz e triste, abriu, mas será que poderei entrar?
