A partir de 1º de janeiro de 2025, três em cada quatro municípios brasileiros estarão sob o comando de prefeitos de partidos de centro ou direita, consolidando um avanço significativo dessas forças políticas. O saldo das urnas aponta que 4.022 das 5.569 prefeituras serão lideradas por representantes de siglas como PSD, MDB, Progressistas (PP), União Brasil, PL ou Republicanos.
Esse crescimento reflete o fortalecimento do “centrão”, que, em 2020, comandava 3.255 cidades e agora expande sua base política, se comparado com os 2.652 municípios conquistados em 2012. O desempenho nessas eleições aponta para um cenário em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu possível sucessor em 2026 terão uma dependência ainda maior dessas forças políticas para governar.
O PSD foi destaque, registrando um aumento de 35% no número de prefeituras, saltando para 887 cidades. Esse crescimento se deve, em parte, à capacidade do partido em atrair prefeitos e postulantes antes do pleito. A sigla de Gilberto Kassab tem atuado em diferentes frentes: enquanto apoia o governo Lula em nível federal, integra a base do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que surge como uma figura em ascensão política.
Apesar do crescimento de 8% do MDB, que passou a controlar 856 prefeituras, o PSD superou pela primeira vez o partido em capilaridade, algo que não ocorria há pelo menos 20 anos. Em terceiro lugar, o Progressistas, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aumentou sua presença de 690 para 746 municípios.
O União Brasil, fruto da fusão do Democratas e PSL, controla 584 prefeituras, enquanto o PL apresentou o maior crescimento percentual, expandindo sua base em 50% e chegando a 516 municípios. Fechando o grupo de destaque, o Republicanos saltou de 80 prefeituras em 2012 para 433 em 2024, reforçando seu papel na articulação do “centrão”.
Em contrapartida, partidos tradicionais como PT e PSDB enfrentam dificuldades. O PT teve uma leve recuperação, mas ainda distante do cenário pré-Lava Jato. Já o PSDB teve um declínio acentuado, passando de 799 prefeituras em 2016 para apenas 272 em 2024, agravado por uma campanha mal-sucedida com o apresentador José Luiz Datena (PSDB) em São Paulo.
Nos municípios de maior porte, o chamado “G-103”, o PL lidera com 16 prefeituras, seguido pelo PSD (15), União Brasil (13) e MDB (12). Nas capitais, PSD e MDB dividem o protagonismo, cada um elegendo cinco prefeitos, seguidos por PL e União Brasil, com quatro cada, e Progressistas e Podemos, com dois representantes.
O desempenho em nível local não só amplia o domínio do “centrão” como indica seu papel determinante para os rumos da política brasileira, influenciando diretamente a governabilidade nos níveis estadual e nacional.