
Apelidado o poeta da crônica, Rubem Braga, um dos maiores cronistas brasileiros, começou a escrever [crônicas] aos 15 anos. Com tato e maestria, abordava assuntos e situações do dia a dia e suas memórias da infância. Morreu no seu apartamento de cobertura no Rio de Janeiro, em 1990, ao consolo de arbustos e pequenas árvores que compunham um virtual pomar que implantou.
Se na Manchete ou em O Cruzeiro, não me lembro, publicou uma crônica sobre um dono de lotações (pequenos ônibus para transporte urbano). O texto expunha a luta tenaz de um pequeno empresário para sobreviver. Tentei achar o texto original, mas o Google, desta vez, não correspondeu. Se a memória ajudar, era mais ou menos assim:
José tinha um lotação. Fazia serviços de transporte. Conduzia alunos para a escola e passageiros para o subúrbio. Não faltavam clientes e ele faturava bem. Conseguiu juntar um dinheirinho e comprou um segundo lotação.
José contratou um motorista adicional. Ele agora era chefe e tinha mais preocupação com a manutenção dos veículos. O negócio cresceu e, então, José era dono de uma frota de três lotações. José teve que organizar a empresa, contabilizar o fluxo de entrada e despesas com um contador ad hoc e ampliar a oficina de manutenção.
Nem sempre com capital de giro disponível, entrou para o mundo dos empréstimos bancários. O empresário José passou para a mira do fisco e a pagar imposto de renda.
José foi à falência.





