Um presente de Natal para o Brasil
Um belo presente para um belo país poderia ser a prosperidade. Não uma prosperidade daquelas impostas a Deus, mas uma prosperidade advinda do trabalho e da persistência.
A nossa esperança se esvai ante a bagunça institucional em que se tornou o nosso país. O Poder Executivo dispõe de apenas cinco por cento do Orçamento para “executar” discricionariamente (para 2026, pouco mais de 100 bilhões). Cada parlamentar conta, no mínimo, com cerca de cinquenta milhões de reais por ano, metade dos quais para destinar a seu bel prazer. Trata-se, o leitor pode assim deduzir, de uma virtual compra de votos legalizada que impede a renovação do efetivo da Câmara e do Senado. Anula, poderíamos dizer, a salutar alternância de poder ou a oxigenação do Poder Legislativo.
Tal poder executa parcialmente o Orçamento, o Poder Judiciário anula as decisões do Legislativo e o Poder Executivo paira inativo como se fosse um rei da Inglaterra.
Um grande comentarista tirou desta geração qualquer tipo de esperança de mudança. Podemos discordar, mas como esperar mudanças imediatas de um Parlamento (Câmara e Senado) que tem um orçamento nababesco equivalente a dezesseis cidades médias de seiscentos mil habitantes e onde juízes e desembargadores perfazem verdadeiras fortunas por mês em um país onde pouco mais da metade dos seus cidadãos ganha[m], no máximo, dois salários mínimos?
De onde viria a mudança? Certamente não de um Congresso que aumenta as famigeradas emendas parlamentares de 55 para 61 bilhões de reais (orçamento para 2026) em um país em situação pré-falimentar.
Mudanças radicais já aconteceram no Brasil, algumas das quais em boa hora. O problema é quem e como fazer o Brasil dar meia-volta e entrar nos eixos visando ao desenvolvimento, a algum tipo de isonomia e à justiça social sem terminar os seus dias na cadeia.
Francisco Nery Júnior
P.S. Emendas existem em vários países e algumas realmente contribuem para melhor na base do parlamentar. O escândalo no Brasil está no montante de 61 bilhões. Há, ademais, diferenças no critério de aplicação. Quando morava e estudava na França por um período, verifiquei que a prioridade da aplicação de uma emenda de um parlamentar em um distrito era decidida por um comitê comunitário. Em tempo, para os estudantes de português, na matéria anterior publicada “Como deixar de fumar”, aparece o “a” com acento grave indicador de crase indevidamente em duas ocasiões. Relendo a matéria, me apercebi do erro. Desculpem-me os leitores pela falha.
