14 de dezembro de 2025

Tempestade em Paulo Afonso – Saudade das bocas de lobo (Francisco Nery Júnior)

Por

Redação (pa4.com.br)

 

Por Francisco Nery Júnior

A gente vai ficando velho e a memória vai ficando mais para trás. Vemos “o quanto a existência é rápida e falaz”. “Os desenganos vão ficando à frente e as esperanças vão ficando atrás”.

Substituímos desenganos por lembranças. Sem elas, acaba a vida. A vida acaba quando acabam os sonhos, já foi dito, grafado e repetido.

Ah, as lembranças do armazém do português, os bolachões até hoje os melhores do mundo, a rapadura com coco, a padaria do espanhol, o último bondinho do Rio Vermelho e o abafa-banca (picolé caseiro) na porta da vizinha.

Saudade das bocas de lobo! Elas – não se inventou nada melhor – captavam as águas pluviais, pluviais águas da chuva, e lhes davam a direção e o destino corretos. Eu observava as novas avenidas rasgadas nos vales de Salvador a partir da segunda revolução viária em 1966. A engenharia inventava todo tipo de captação daquelas águas. Nada funcionava. Só as bocas de lobo tradicionais. A boca de lobo se enquadra na rubrica “ainda não se inventou nada melhor”.

A tempestade vem, reclama o seu lugar e a sua participação, e a cidade, incompreensivelmente sem bocas de lobo, nem outro tipo qualquer de boca nas ruas de Paulo Afonso, sofre as consequências – deletérias, que significa destruidoras.

Foi a minha surpresa ao pisar pela primeira vez em Paulo Afonso: não vi bocas de lobo. Até hoje não entendo por que [não].

 

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