A Supercopa de Futebol Nilson Brandão, um torneio que ficou marcado na história do esporte em Paulo Afonso, pode voltar. Após uma pausa em 2012, o projeto criado por Pedro Roberto (Beto da Liga), um entusiasta do futebol e educador físico, ganha uma nova chance de inspirar jovens atletas do sertão nordestino. Esta retomada não é apenas um evento esportivo, mas um símbolo da persistência e da paixão pelo futebol, especialmente em uma região onde as dificuldades são tantas quanto as oportunidades de superação. Abaixo, você confere o relato pessoal de Luciano Júnior que teve um reencontro com Beto da Liga, que revive o legado e a importância da competição.
Supercopa de Futebol Nilson Brandão – Por Luciano Júnior
Hoje reencontrei o Pedro, nosso velho amigo e professor de Educação Física, aquele mesmo que fazia os menos atléticos correrem feito atletas olímpicos e que sempre tinha uma frase inspiradora para cada tropeço nos treinos. No meio de risadas e memórias dos nossos tempos de colégio quando fui seu aluno, ele compartilhou uma notícia que trouxe uma mistura de nostalgia e esperança: seu antigo projeto, a Super Copa Cachoeira de Paulo Afonso, será retomado! E, desta vez, com o nome de Supercopa de Futebol Nilson Brandão, em homenagem ao pioneiro que nunca deixou o esporte regional ser esquecido.
Este projeto que Pedro iniciou anos atrás, mas especificamente em 1998, era mais que um torneio; era uma celebração do futebol de base no sertão nordestino, reunindo talentos vindos do calor do agreste e da paixão do sertão. Um projeto que, desde sua criação, já viu nascer jovens craques que, tempos depois, brilharam nos grandes clubes brasileiros e até em times internacionais. Jogadores como Diego Costa, Marcinho e Wellington deram seus primeiros chutes profissionais nas competições que Pedro, com suor e muito improviso, ajudou a organizar.
O curioso é que a Super Copa, com seu cenário simples e distante dos grandes centros urbanos, ganhara fama como celeiro de craques e movimentava todo o comércio da região. Era pipoca, picolé e até Seu Popó, um ambulante de quase 80 anos, que sempre se preparava para vender os lendários cachorros-quentes na copa, abastecendo-se de salsichas como se fosse receber a torcida de um Maracanã lotado.
Porém, num desses tropeços burocráticos que só quem conhece o Brasil profundo entende, o torneio chegou a ser cancelado em 2012, numa crise que parecia fazer justiça ao velho ditado: “No Brasil, o futebol começa na várzea e morre na política”. Em pleno dia de abertura, foi decidido que as escolas da cidade, usadas como alojamento para os jovens atletas, estavam em reformas e não poderiam receber ninguém. Com isso, a delegação que vinha de cidades distantes, como Wenceslau Guimarães, ficou ao relento, “hospedada” em um ginásio sem estrutura. O prejuízo caiu como pedra no sapato de todos os envolvidos: vendedores, olheiros, treinadores, e, principalmente, os meninos que sonhavam em se tornar os próximos astros do futebol.
Mas, como diz o professor Pedro, o futebol ensina mais que tática; ensina resiliência. E ele, que nunca largou o sonho de retomar o projeto, encontrou, finalmente, uma nova gestão disposta a reerguer o torneio. Em 2025, a copa volta ao calendário oficial com o nome de Nilson Brandão. Uma homenagem que não só resgata a competição, mas que celebra a persistência de quem nunca aceitou que sonhos fossem deixados de lado por detalhes burocráticos.
E assim, em 2025, quando o sol de 30°C estiver dourando o campo em Paulo Afonso, cerca de 500 garotos vão se encontrar para fazer o que mais amam: jogar futebol. E, quem sabe, entre um drible e um chute, pode estar ali o futuro do futebol nordestino e, talvez, até mundial.
Quem poderia imaginar que, ao lado de Pedro, relembrando esses momentos, eu fosse perceber o valor de não desistir? Repensar é uma arte; e Pedro, com sua determinação, provou isso em campo e fora dele. E quem sabe? Talvez o segredo da vida esteja mesmo em acreditar e, às vezes, esperar o momento certo de retomar nossos sonhos com parceiros certos e de visão aguçada…