
Ser policial
Introdução e tradução por Francisco Nery Júnior
Eles eram uma elite. Honrados e respeitados. Não é preciso muita ginástica para descrevê-los. Eu os conhecia muitos, dentre os quais meu avô paterno sargentão e meu pai tenentão contramestre da Banda da Polícia Militar da Bahia. Meu tio pelo lado materno, Waldemar da Paixão, major comandante. Meu tio Paixão foi, por muito tempo, já na reserva, maestro do conjunto da Rádio Sociedade da Bahia. Os mais antigos sabem quem foi o maestro Waldemar da Paixão. Ambos, pai e tio, chegaram ao fim da jornada musicistas da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia, funcionários federais. O prazer de ouvi-los tocar, o adolescente Francisco Nery Júnior, contrabaixo e flauta nos concertos no salão nobre da Reitoria, na Concha Acústica e no salão nobre do Teatro Castro Alves. O velho tocava e, de soslaio, quando a pauta permitia, contemplava, orgulhoso, o filho da rabada na primeira fila da plateia…
Vieram, a seguir, irmãos, cunhado, primos e sobrinhos coronéis, majores, capitães, tenentes e sargentos. Eles eram honrados e tinham o reconhecimento da população. Os atuais continuam honrados. O reconhecimento, o agradecimento a quem se encontra na linha de frente do combate ao crime e da manutenção da ordem, vai sendo corroído pelas narrativas inconsequentes da moda.
O mal é universal. Pasme o leitor sobre o que foi publicado no Le Fígaro de 03.11.25 cuja tradução vai a seguir:
Insultados, violentados, linchados: o grande mal-estar dos policiais confrontados pela violência “antitiras” (sic).
Em toda parte, nas delegacias, policiais exprimem o seu mal-estar face às agressões recorrentes de que são vítimas.
“Senhora prefeita, você vai morrer”, “A gente vai queimar vocês”… com dois nomes de agentes da brigada anticriminalidade igualmente escritos ao lado das ameaças proferidas. Estes ‘avisos’ que apareceram há alguns dias em um muro do bairro de la Noé em Chanteloup-les-Vignes (Yvelines) têm justificado uma queixa dos prepostos visados. Para a polícia, este “Procurado” inaceitável é revelador de um clima antitiras cada vez mais doentio.
No dia 18 de outubro, um policial da comunidade La Baule foi molestado, logo após entrar em serviço, ao solicitar a três pessoas que se divertiam em uma linha férrea que eles parassem com esse comportamento muito perigoso. Consequência do linchamento do agente: muitos dentes quebrados, um nariz e uma das cavidades do olho fraturados. Os três suspeitos, originários de Nantes, foram interrogados.





