
A médica Lorena Pinheiro foi nomeada como professora adjunta da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), nesta terça-feira (29). A decisão foi oficializada no Diário Oficial da União, após uma ordem judicial determinando que a Universidade Federal da Bahia (Ufba) nomeasse e desse posse à profissional, respeitando a Lei de Cotas. A medida foi assinada pela juíza Arali Maciel Duarte, que deu um prazo de cinco dias para cumprimento da sentença.
Lorena foi empossada como Professora Adjunta A, Classe A, Nível 1, no Departamento de Cirurgia Experimental e Especialidades Cirúrgicas, com regime de trabalho de 20 horas semanais. A nomeação foi assinada pelo reitor da Ufba, Paulo Cesar Miguez de Oliveira.
Em entrevista ao g1, Lorena expressou sua felicidade com a nomeação, destacando a conquista como um marco importante para o reconhecimento dos direitos dos cotistas. “Entendo que isso não corrige a injustiça por completo, porque ainda tem um outro processo que vai caminhar nas instâncias superiores. Mas o foco hoje é comemorar essa vitória. Ela representa o início de um sonho, que não é só meu, mas de outros docentes negros e negras nesse país”, afirmou a médica.
Lorena também ressaltou a importância da posse para retomar seus projetos de pesquisa e extensão. “É um fato histórico mesmo a ser comemorado e eu pretendo contribuir e fazer um bom trabalho dentro da universidade”, completou.
A médica enfatizou que seu objetivo é atuar na área de otorrinolaringologia, especialidade pertencente ao departamento ao qual foi nomeada. “Tenho esperança de estar nesta área de atuação, me preparei a vida toda para esse momento”, disse.
A disputa judicial teve início em agosto, quando uma decisão liminar impediu a nomeação de Lorena, apesar de ela ter sido homologada como a primeira colocada no concurso para a vaga destinada a cotistas negros. A juíza determinou a convocação de outra candidata, suspendendo a nomeação de Lorena, o que gerou repercussão e mobilizou apoios em defesa da médica.
Em resposta, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu um parecer no dia 21 de outubro, apoiando a nomeação de Lorena e reforçando a importância de respeitar a Lei de Cotas. Para Lorena, o cumprimento da decisão é uma vitória coletiva: “É uma luta para que a Lei de Cotas seja cumprida, garantindo o direito que muitos negros e negras terão assegurados daqui para frente”, declarou.
A Ufba já havia recorrido contra a decisão liminar anterior e, agora, cumpriu a ordem judicial, oficializando a nomeação de Lorena Pinheiro, que marca um momento significativo na luta pelo respeito às cotas raciais na educação superior.