
Por Francisco Nery Júnior
Trata-se, o leitor já deve desconfiar, do nosso redator-chefe Antônio Galdino; redator da Folha Sertaneja.
Ele estava no Recife, dentro de um hospital daqueles que costumamos reputar competentes; avaliação [feita] daqui de Paulo Afonso. Pois assim careceu acontecerem as coisas em relação a um ser exemplar e único.
Galdino era eminentemente despojado das coisas materiais. Roupas, imóveis, veículos, coisas do tipo, eram para ele reles acessórios no processo de produção, para não grafarmos simples meios para melhor servir ao próximo, especificamente a Paulo Afonso.
Partiu para o grande centro nos deixando certos da sua volta. Omitiu alguns sinais vermelhos para não nos aperrear. Imaginava-se, cremos, um forte jequitibá duro na queda ainda pronto para florescer e servir.
Fraquejou finalmente após uma vida rica em frutificação deixando a nós outros a tarefa e a obrigação de conduzirmos o estandarte do comprometimento com a terra que todos amamos.
A força e o vigor de uma parceria de cinquenta e cinco anos com a sua Lourdinha, porém, permaneceram intactos até horas antes do seu passamento. Sentado em uma poltrona do quarto do hospital, ouviu da fiel companheira, por telefone: “Quer namorar comigo?” para responder sem pestanejar: “Quero!”. Cinquenta e cinco anos depois, era, provavelmente, a repetição do início da união dos dois. Ela ainda acrescentou que, em assim sendo, iria iniciar imediatamente a confecção do vestido nupcial de crochê.
Em um mundo cada vez mais longe do temor a Deus e do amor ao próximo, testemunhamos que fatos semelhantes nos animam a não desistir da prática do bem; da cordialidade e da fraternidade entre os homens.





