“Enquanto temos voz, mais um grito de socorro para o rio São Francisco.”
Em texto publicado em seu portal de notícias, o Folha Sertaneja, nesta quinta-feira, 27 de junho, o professor Antônio Galdino fez um longo relato em tom de desabafo sobre a situação degradante que se encontra hoje, um dos principais pontos turísticos de Paulo Afonso – o Balneário Prainha.
Galdino esteve no local no feriado municipal de 24 de junho, após receber uma ligação de um leitor do site informando sobre a situação degradante do local. Segundo o leitor, essa situação poderia, mais uma vez, impedir a realização da tradicional Copa de Velas, que ocorre no início de setembro.
“Fiquei, de fato, chocado e entristecido com o que vi”, comentou Galdino, relembrando as inúmeras memórias que vieram à tona ao observar o estado atual da prainha.
No início de sua história, ainda na gestão do Prefeito Abel Barbosa, a Prainha de Paulo Afonso, também conhecida como Balneário Encantos Mil, foi um projeto simbólico de revitalização, apoiado pelo presidente da Chesf, Rubem Vaz da Costa. “Era paz, amor e muitos sorrisos”, lembrou o professor, referindo-se aos constantes diálogos entre Abel Barbosa e Rubem Vaz, que resultaram na criação da prainha em 1984.
Durante a gestão do prefeito Luiz Barbosa de Deus, a prainha ganhou nova vida, com a construção de boxes gerenciados por pequenos empresários e o início da Copa Velas, que trouxe visibilidade nacional para o Balneário Encantos Mil.
No entanto, ao longo dos anos, a prainha foi perdendo seu glamour. Alguns dos boxes começaram a descuidar da aparência, com poluição visual e problemas de manutenção. Esgotos, estacionamento irregular e som estridente passaram a exigir maior intervenção do poder público.
“A própria Copa Vela perdeu as características de sua criação e passou a ser trabalhada mais como um grande carnaval fora de época”, destacou Galdino. Mesmo com o sucesso do evento, não houve incentivo ou apoio para a formação de velejadores locais.
Com cursos na área de turismo, uma pós-graduação na UNEB e um mestrado na Universidade Internacional de Lisboa, Galdino apresentou um pré-projeto para a revitalização da Prainha de Paulo Afonso, que nunca foi realizado. “Parece ter chegado o golpe de misericórdia em um equipamento que já estava definhando aos poucos”, disse ele, referindo-se à invasão das baronesas, plantas aquáticas que têm dificultado a manutenção do local.
A prefeitura gastou milhões na remoção das baronesas, mas sem sucesso duradouro. “O trabalho passou a ser chamado por populares de ‘operação enxuga gelo’, tão inútil se mostrou”, afirmou Galdino.
Com a Justiça decidindo que a Chesf deve continuar a remoção das baronesas até que um programa definitivo de revitalização seja implementado, a Prainha de Paulo Afonso mostra sinais de abandono, com boxes fechados e áreas degradadas.
“É triste ver o descaso com esse tão importante rio”, lamentou Galdino. Ele destacou a necessidade urgente de revitalização do rio São Francisco para que a Prainha de Paulo Afonso possa voltar a ser um espaço de lazer e entretenimento para as famílias e um cenário nacional para a Copa de Velas.
“Ao ver a Prainha de Paulo Afonso hoje, comparo com os tempos de glória e a visão do Prefeito Abel Barbosa de 1984. Precisamos de um rio limpo e revitalizado para que possamos ter novamente esse espaço como área de lazer e entretenimento para as famílias e cenário nacional de mais uma Copa de Velas”, concluiu o professor.
A prainha, localizada no coração da caatinga, já foi conhecida como “Oásis Sertanejo”. Hoje, ela necessita urgentemente de ações de revitalização para recuperar seu antigo esplendor e voltar a ser um local de orgulho para Paulo Afonso e todos os ribeirinhos do São Francisco.
Veja texto original: Prainha de Paulo Afonso. Quem te viu… quem te vê… Enquanto temos voz, mais um grito de socorro para o rio São Francisco