25 anos sem Ayrton Senna. Uma lenda viva (Gabriel Calado)

O dia era 1º de maio de 1994, há 25 anos, manhã de domingo, uma pausa na voz de Galvão Bueno e ele diz; “Senna escapou e bateu muito forte.” E a colisão de um carro de fórmula 1 numa barreira de concreto na afamada curva tamburello, Prêmio de San Marino, Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália, tirava a alegria dos brasileiros nas manhãs de domingo.

O helicóptero sobrevoava e mostrara que o piloto fez um pequeno movimento com a cabeça para o lado. E o mundo chorou. Morria Ayrton Senna do Brasil, a lenda do automobilismo mundial.

Senna liderava a prova e estava sendo seguido de perto por Michael Schumacher. Míseros 13 décimos de segundo foi o tempo em que ele tentou reagir, quando então pisou bruscamente no freio diminuindo de 307 para 216 quilômetros por hora em 1 segundo e 3 décimos. Numa tentativa desesperada de evitar o pior, mas a sua Williams já abraçara a Tamburello deixando uma marca no muro e no coração de todo o povo brasileiro.

O experiente Dr. Sid Watkins era o médico chefe da F-1 no Enzo e Dino e após tirar seu capacete e abrir um corte de 1 centímetro no pescoço do piloto para que ele respirasse, Senna nesse momento deu um profundo suspiro; – “Ali eu senti sua alma parti, sentia seu pulso, mas sabia que não resistiria.” Afirmou.

Dra. Maria Teresa Fiandri integrava a equipe médica do plantão que o atendera no famoso hospital Maggiore. – “Ele chegou a mim pálido, mas belo e sereno. Era um jovem bonito, os cabelos revoltos, os olhos fechados, tinha apenas um corte na testa, 3 ou 4 centímetros, mais nada.”  falou a médica. Em meio aquele macacão sujo de sangue, no bolso uma bandeira da Áustria, possivelmente uma homenagem que faria ao companheiro Roland Ratzenberger, morto no dia anterior durante os treinos.

Eram 13h42 (horário de Brasília) quatro horas após o acidente, os repórteres anunciavam disfarçando os embargos nas vozes e atônitos; Ayrton Senna está morto.

Senna não foi só um piloto de fórmula 1 que vivia na linha tênue entre a vida e a morte, ele era um ser humano extremamente racional, dono de um poder de concentração invejável, e uma ambição de vencer que precedia o imaginável, a mecânica, como no GP do Brasil em que concluiu a corrida apenas com a 6ª marcha e desmaiou após a comemoração de tanto esforço físico.

O ‘Beco’ como era carinhosamente chamado na família, trouxe alegria para o nosso povo, num momento em que carecíamos de atenção, de heróis de verdade. Senna foi um exemplo nato de ‘faça o que eu digo, não o que eu faço’. Todos os domingos ele falava em silencio, com o som dos motores; Você é capaz! Corra atrás dos seus sonhos! Aquele fatídico dia deixou órfãos o esporte, os domingos, o automobilismo, o vento que tremulava a bandeira do Brasil ao fim das corridas com a música tema da vitória, ficou pesado, empoeirado. Ayrton Senna é um homem homem morto, mas um mito vivo.

Depois de duas décadas e meia seu nome se encontra em 50 logradouros, 4 rodovias, 1 túnel e 21 avenidas, incluindo uma em Cascais, Portugal.
A capital que não pára, parou para se despedir da lenda ou ‘The Legend’ como disse emocionado Michael Schumacher. 5 de maio de 1994, em cortejo, uma multidão seguia o carro do corpo de bombeiros, ali estava uma bandeira quieta, um país inconsolável e um piloto brasileiro como jamais visto, dando sua última volta, após 65 pole positions e 41 vitórias de ponta a ponta, o cemitério do Morumbi foi seu último Pit stop, há 25 anos o Brasil perdia, Ayrton Senna do Brasil.