Por Itaibes Paiva
O fim de mandato do grupo político que vinha governando o Município por quase 30 anos, deixa um legado desastroso em Paulo Afonso, expondo a quão nociva foi a permanência dessa gestão para a cidade. A situação é alarmante: a coleta de lixo praticamente inexistente em vários bairros, enquanto alguns setores privilegiados continuam sendo atendidos, resultou na formação de verdadeiras montanhas de lixo que ameaçam gravemente a saúde pública.
A crise sanitária se agrava pela completa deterioração da rede pública de saúde. O atendimento médico, já precário, alcançou níveis humilhantes de desrespeito à dignidade dos cidadãos. Apesar das declarações oficiais de um suposto investimento de R$ 6 milhões mensais no hospital municipal, a realidade capturada em vídeos compartilhados amplamente desmente esse discurso, revelando instalações em estado de total abandono. Essa contradição, em um cenário minimamente ético, já seria razão suficiente para uma intervenção administrativa e o afastamento imediato do antigo prefeito.
No entanto, o que se viu em Paulo Afonso foi uma combinação de omissão e conivência. Parte significativa dos vereadores, em vez de cumprir seu papel constitucional de fiscalizar e representar os interesses da população, escolheu blindar o executivo, criando barreiras para qualquer iniciativa de apuração séria ou medidas corretivas. Essa postura enfraqueceu ainda mais a confiança no Legislativo e contribuiu para agravar o caos administrativo.
Em uma cidade onde as leis fossem respeitadas e as instituições funcionassem adequadamente, o desfecho desse governo teria sido outro. O gestor, ao entregar o cargo, seria imediatamente conduzido à Polícia Federal para prestar contas de sua gestão temerária, marcada pela negligência e abandono. No entanto, em Paulo Afonso, prevaleceu o descaso, e quem paga a conta é a população, que enfrenta diariamente o reflexo de um governo omisso, irresponsável e desconectado das reais necessidades do município.
Que essa página vergonhosa da história local sirva de alerta para o futuro: a cidade precisa de líderes comprometidos com o bem-estar coletivo, não de grupos que perpetuam o poder às custas da miséria e do sofrimento do povo.
