15 de dezembro de 2025

CRÔNICA – Os tempos que lá se vão, o bar da esquina (Francisco Nery Júnior)

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Redação (pa4.com.br)

Os tempos que lá se vão, o bar da esquina (Francisco Nery Júnior). Foto: Google maps

 

Por Francisco Nery Júnior

Paulo Afonso se consolida. A cada ano, a cada virada, um pequeno salto para a frente. Saltos de qualidade – o que nos coage a ir ficando, enraizados cada vez mais, nós todos, em solo firme e seguro.

Chegam as novidades. Entre elas, estabelecimentos caprichados e supermercados tentadores que capciosamente captam boa parte dos nossos salários e ganhos. Eles nos prestam um serviço de qualidade.

Saindo de um deles, civicamente meio triste pelo preço do tomate e da banana, cada um deles a R$1,00 (um real) a unidade, um pouco mais pelo preço da pera a R$4,00 cada, fui andando.

Andar nas ruas da cidade! Amigos e conhecidos a saudar, velhas amizades a esquentar, meandros e arestas a aparar, lá vou eu.

E cheguei na esquina. Estampado na fronte, Bar Egipiciense. Sempre por ali passei, a pé ou de carro, e a sensação sempre foi de retroceder no tempo. Voltava à infância e à doçura da vida ainda provincial na velha Salvador. Mas nunca entrei.

Desta vez entrei. Cambequei porta adentro a propósito de comprar uma lata de Coca-Cola. Desconfiados, freguês e balconista, o pagamento e o troco. De corpo e alma, retrocedi no tempo. E me senti no armazém do espanhol sisudo e retraído dos velhos armazéns da Velha Bahia.

Chão batido de cimento, portas de madeira em série talhadas a facão, trancas de ferro pesado e grosso e balcão tipo improvisado com a madeira que restou após a construção. O telhado de caibros e ripas, daqueles que costumamos comprar nos feirões de madeira, completava a cena.

Acordei do doce sonho da infância e voltei ao labulabá da vida. Se não for bobagem ou esquisitice de sonhador, fica a sugestão de aquele bar, naquela esquina estratégica e sugestiva (Avenida Otaviano Leandro de Morais com Rua Alto Novo), ser cooptado para o bem comum, pelo menos para a satisfação dos sonhadores. Um minimuseu, uma sala de leitura, uma sala de descanso ou de informação, um lugar para uma aguinha gelada em ambas as direções, principalmente para os peregrinos da hora (as características seriam mantidas inclusive a(s) mesinha(s) dos amantes da cerveja).

Ponderação sobre novas despesas pode ser superada pelo alcance da empreitada e pelo valor do cidadão – que, afinal, paga impostos.

 

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