
Os membros da Academia de Letras de Paulo Afonso se reuniram em encontro de confraternização de fim de ano. Regados a bife macio e filé de tilápia, rédeas soltas para as emoções (somos uma confraria; de frater, irmão em latim), ficamos à vontade.
Houve um amigo secreto, amigo literário mais precisamente. Junto com um brinde de Natal, a acadêmica Socorro Mendonça, a minha amiga agora revelada, me dedicou o seu livro de receitas culinárias. Ficou a obrigação de nós, Ângela e eu, tentarmos uma delas e mandar uma porção para a autora da receita aprovar ou, pior, condenar, o que parece mais provável.
Na sequência, estabeleci o compromisso de mandar para Socorro e seu fiel escudeiro, o marido constante de 52 anos, infalivelmente concorde, o que explica os 52 anos – a afirmação é dele -, uma porção de vatapá que arrisco fazer de quando em vez, pelo que observava a minha mãe nesse mister. A qualidade dependerá da escolha de um camarão defumado de qualidade comprado na Feira de São Joaquim em Salvador.
A Aníbal, o amigo secreto tirado por mim, um brinde fora da convenção. O objetivo foi dar uma folga a Aníbal e fazê-lo se refestelar com algumas guloseimas do Natal, se é que ele não vai repassar para os netinhos, excesso de zelo, talvez, dos nossos avós corujas do Nordeste do Brasil.
Francisco Nery Júnior





