
Eles herdarão a terra, os mansos, e João era um deles. João Medeiros, do time dos bons da Prefeitura Municipal, era manso; como convém. Deve ter evitado aperreios e poupado aborrecimentos com inimigos gratuitos. Nós, os não mansos, ou não tão mansos, os invejamos profundamente. Não somos maus, mas os nervos e a impaciência nos traem constantemente. Não adianta o arrependimento, desculpas e tudo. O estrago feito permanece por longo tempo.
Não vou dizer que João foi meu aluno. Foi. Mas a citação pode parecer uma declaração de cima para baixo, o que prejudicaria o amor e a saudade que agora todos temos por um João acima do homem comum.
Soube da sua morte na estrada de retorno de uma pequena intervenção cirúrgica. Em casa, a recomendação médica de repouso. Não pude engrossar a turma que, cheia de lembranças, providenciou o sepultamento do seu corpo.
Não ia mesmo escrever – afinal, um dia todos passaremos – até encontrar, no Instagram Ozildo Alves, a charge de João no seu velho fusca em direção do além. Também tive um fusca que, fiel e ponderado, me acompanhou por longos trinta e seis anos. Ainda roda na nossa cidade quarenta e nove anos após ter saído da concessionária.
Assim se encerra nossa matéria ocasionada pelo reconhecimento e pelo valor de dois velhos e venerandos fuscas.