
O humorista Marcelo Alves, que confessou o assassinato de Raíssa Suellen Ferreira, de 23 anos, enviou áudios à irmã da vítima se colocando à disposição para ajudá-la nas buscas pela jovem, chegando a oferecer a casa para que ela pousasse, caso viesse a Curitiba. A família de Raíssa é moradora de Paulo Afonso, na Bahia e ela morava há três anos em Curitiba, onde mantinha uma relação de amizade com o autor, também natural da cidade bahiana.
“Estamos todos à disposição, aqui tem quarto para ficar, para vocês não gastarem. A casa é humilde, mas estamos de portas abertas para receber. Sexta ou sábado mandei um dinheiro para ela, R$ 200, sempre que estava ao meu alcance eu ajudava”, disse em um dos áudios, após ter assassinado Raíssa estrangulada e ter enterrado o corpo em Araucária, na Região Metropolitana, por ela a ter xingado após uma suposta declaração de amor feita por Marcelo.
No outro áudio, o suspeito falou o que teria acontecido após buscar Raíssa nas casas das amiga. “Ela queria uma carona para São Paulo e eu tinha um evento lá. Ela colocou as coisas no carro, disse que tinha uma tia em São Paulo e desistiu. Vim em casa, porque tinha algumas coisas para fazer, deixei ela aqui e ela queria ficar. Disse que queria morar, eu falei que não dava. Nisso, ela falou que ia chamar o motorista de aplicativo e eu saí, porque tinha coisas para resolver. Quando eu cheguei, ela não estava mais”, contou o suspeito, que na verdade inventou a oferta de emprego a Raíssa para que ela fosse até a casa dele.
Confessou o crime
Sobre o caso, segundo a delegada Aline Manzatto, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Marcelo inventou a oportunidade de emprego em São Paulo a Raissa, com o intuito de levá-la para casa dele, onde revelaria que estava apaixonado.
“Ele teria contado uma história para conseguir que ela fosse até a casa dele, iria arrumar um emprego em São Paulo. Aí, ele levou ela para almoçar, primeiro dali levou para casa dele, onde na verdade tinha a intenção de se declarar, declarar o amor por ela. Os dois se conheciam desde a infância, ele treinou a Raíssa em Kung Fu, em um projeto social que ele tinha na Bahia, então ele Raíssa desde pequena”, explicou a delegada.
De acordo com Aline Manzatto, o suspeito contou que a reação de Raíssa, ao ouvir a declaração, foi de xingamentos e isso irritou o humorista, que cometeu o crime. “Quando ele se declara para ela, ela se mostra explosiva e passa a xingá-lo, falar que ele é nojento, que é mentiroso, que é feio, e aí isso daí desperta uma ira nele. Ele contou que ficou com ódio e descontrolado e aí pegou esse enforca-gato e estrangulou a vítima, deixando ela em um cômodo da casa e indo para outro. Dez minutos após, ele retorna e a Raíssa está morta”, contou.
Após o crime, o filho de Marcelo é chamado até a residência e pede para o pai se entregar, o que não aconteceu. “O filho tenta convencê-lo a se entregar às autoridades, mas ele fala que não, e aí ele coloca o corpo da Raíssa no porta-malas de um veículo, que tinha emprestado de um amigo, e junto com o filho vai até a cidade de Araucária, onde disse que o corpo, que é o que a gente vai verificar, a partir de agora, nos deslocar até lá, para localizar o corpo que ele supostamente teria enterrado”, disse.
Como se apresentou espontaneamente à polícia, a delegada afirmou que é cedo para falar sobre um pedido de prisão contra Marcelo. “Tudo isso eu vou analisar, mas a princípio não. Ele veio espontaneamente até a delegacia, ele procurou um advogado. O advogado está defendendo ele já, então, assim, a princípio não tem o porquê de fugir, tendo em vista que houve um arrependimento por parte dele diante do que aconteceu. A gente tem que, a princípio, acreditar no que ele está falando, ele está arrependido, quis pelo menos que a família tivesse uma situação de, entre aspas, tranquilidade, pelo menos no sentido de aparecer o corpo, de ter um enterro. A gente não tem ainda como dizer se vai ter ou não prisão, porque muitas coisas podem acontecer, a gente tem que analisar e ver se isso tudo que ele está falando é verdade”, pontuou.
Por fim, ela confirmou que o humorista prestou depoimento bastante emocionado. “Ele estava emocionado e parece bastante arrependido. Parece ser uma pessoa tranquila, então, dá a entender que realmente houve uma situação ali de rompante, de ódio, né”, disse a delegada, que foi questionada pelo Portal Nosso Dia pelo fato do suspeito não ter demonstrado emoção ao mentir à família de Raíssa e oferecer até abrigo para que ela fosse localizada. “Isso tudo que estou dizendo, a partir de agora a gente começa a montar todas peças do quebra-cabeça, para conseguir determinar o que aconteceu, como aconteceu e quais as consequências para ele a partir de agora”, concluiu.
