Por Francisco Nery Júnior
Ele era doce de uma voz privilegiada. Eu quero dizer aveludada. Nos sermões do pastor Jessé dos Santos, final dos quais mãos levantadas, palavras sensatas e precisas. Duras quando podiam ser; quando deviam ser.
Mais de uma vez, o Jessé advogado me evitou uma enroscada. O ímpeto da juventude costuma nos colocar em enroscadas. Manso e suave, com Jessé a solução.
No seu velório, o povão a cantar. Cânticos e mais cânticos. Cânticos sem fim. Cânticos a perder de vista – de ouvido, melhor dizendo. Cânticos por horas. Eles já vêm prontos. Economizam raciocínio, para não dizer comprometimento.
Para a palavra oficial, o convite ao orador designado: “Agora a palavra com o pastor tal para uma breve palavrinha”. A sorte do Evangelho Boas Novas de Salvação foi a entrega de um monumental sermão evangelístico. A sorte dos ouvintes, melhor dizendo, alguns talvez pela primeira vez ouvintes de uma pregação evangelística.
A falta de ponderação – evite-se o termo humildade – de um colega parece ter incomodado o pastor Jessé em determinada ocasião. “Quando é que eu vou pregar em sua igreja?”, inquiriu aquele. “Quando você for mais humilde e esperar o convite”, foi a resposta do saudoso Pastor Jessé.