“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está mordendo a língua. Reclamava tanto de herança maldita e, na verdade, ele é quem está deixando esse ônus para sua sucessora”, diz o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA). Para Aleluia, ao contrário do que apregoou durante seus oito anos de governo, Lula recebeu de Fernando Henrique (PSDB) um país sem inflação, uma moeda estabilizada e a lei de Responsabilidade Fiscal. “A mesma situação não vai encontrar a presidente eleita Dilma Roussef. No dia primeiro de janeiro, ela vai assumir com a obrigação de colocar o pé no freio no forte aquecimento da economia para evitar um repique inflacionário logo no início de sua gestão”, explica Aleluia. Na última sexta-feira (03/12), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou aperto de compulsórios, e o mercado espera alta de juros para breve. Para Aleluia, as medidas são corretas, mas expõem claramente uma decisão retardada. “O governo Lula demorou a tomar as decisões necessárias para impedir o retorno da inflação. Estava unicamente preocupado com a eleição de Dilma Rousseff”, critica Aleluia. O problema, segundo o líder oposicionista, é que Dilma faz restrições explícitas aos ajustes fiscais drásticos, com cortes lineares de despesas. Aleluia não receia em declarar que a manutenção da política econômica implantada nos governos Itamar Franco e FHC, além do ambiente externo favorável, permitiram a Lula navegar em céu de brigadeiro. “Mas, paralelamente, o governo do PT aumentou espetacularmente os gastos com a máquina pública. O que levou a um crescimento amazônico das despesas, inclusive com pessoal. Enquanto isso, os investimentos em infraestrutura foram desprezados. O país não pode crescer no mesmo nível de outros emergentes (China, Índia, Rússia), porque não tem portos, aeroportos, rodovias, energia elétrica”, lembra Aleluia. Segundo o parlamentar, o governo federal terá de fazer um arrocho fiscal maior que o de 2003, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, para que o superávit primário do setor público consolidado atinja 3,3% do PIB em 2011. Essa meta foi sinalizada recentemente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A estimativa foi feita por economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O superávit de 3,3% se justifica para auxiliar o Banco Central, já que o risco inflacionário está em alta (hoje 5.78%, de acordo com o Boletim Focus do BC), como prova o recente aumento dos recolhimentos compulsórios, anunciado na sexta-feira. “Mais uma vez ao restringir o crédido, o governo limita a expansão da vida privada sem nada fazer para deter o gigantismo estatal, que insiste