O Encontro foi aberto com uma celebração à vida através de uma apresentação teatral da Associação Pauloafonsina de Dança e Teatro, dirigido por Dolores Moreira. Com a apresentação de músicas e danças do folclore e da cultura sertaneja – coco, caboclinhos, xaxado, ciranda, maracatu – saborosamente entrelaçados por um texto rico da própria Dolores, que também dirigiu os atores e a iluminação, o grupo empolgou a todas ou a todos (apenas 4 ou 5 homens estavam na platéia) que lotaram o auditório do Memorial Chesf (160 lugares).
O evento contou com as presenças de Marileide Brasil, que é Assessora da Administração Regional da Chesf em Paulo Afonso e vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, da presidente deste Conselho, Edvalda Aroucha, Lane, que representou todas as mulheres da zona rural, Ana Clara, Secretária de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Paulo Afonso, Mirela Santana, Delegada da DEAM e, como ilustres convidadas, as Sras. Valdeci Nascimento, que é Superintendente de Políticas para as Mulheres do Governo do Estado da Bahia, Luiza Bairros, Secretária da Promoção da Igualdade do Estado da Bahia – SEPROMI e de Aparecida Gonçalves, Secretária Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, que estava representando a Ministra Nilcéia Freire, Secretária Especial de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.
A Secretária de Desenvolvimento Social, Clara Moreira, falou das “várias ações do governo municipal na criação de programas de atendimento à mulher e do apoio que a atual gestão tem dado aos organismos que trabalham nessa direção, como o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher”. A Secretária disse ainda que “uma dessas ações, é a construção do Centro de Referência da Mulher, criado em parceria com o Governo Federal, que será inaugurado neste sábado, às 19 horas e aproveitamos esta oportunidade para convidar a todos para ali se fazerem presentes”.
A performance dos artistas pauloafonsinos, inspiraram a Secretária baiana, Luiza Bairros que fez paralelos entre “a beleza dos jovens atores e atrizes, sua alegria, as cores festivas e a necessidade de lutarmos para ver sempre as mulheres com um sorriso, com a alegria também estampada em seus rostos”.
Lena, representante das mulheres da zona rural foi muito aplaudida quando falou “das dificuldades que têm essas mulheres, longe de tudo e de todos, em lugares como o Papagaio, onde moro, e onde não se tem telefone, nem sinal de celular. As mulheres apanham, sofrem e não têm a quem recorrer”. Mas hoje essas mulheres tomam fôlego e começam a mostrar aos seus companheiros que elas também têm direitos como o de vir participar desse encontro, o direito de ir e vir que nos assegura a Constituição, e vamos continuar lutando, com muito mais dificuldade que as mulheres da cidade, mas vamos manter os nossos direitos de cidadãs brasileiras”.
Antes da palestra da Secretária Nacional, Aparecida Gonçalves, a representante da Chesf, Marileide Brasil, apresentou o projeto “Gerando Energias para Construir Conselhos da Mulher”, que tem por objetivo desenvolver “iniciativas socioeducativas e sustentáveis para a construção de Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher, nos municípios no entorno da geração e transmissão de energia da Chesf – Regional Paulo Afonso.
O projeto deseja construir estes conselhos em 15 municípios dos Estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe e em muitos deles as ações, como realização de oficinas, delas com a participação de mais de 200 pessoas, já estão em andamento.
No Estado de Alagoas o projeto alcança os municípios de Delmiro Gouveira, Olho Dágua do Casado e Piranhas. Na Bahia, Antas, Chorrochó, Cícero Dantas, Glória, Jeremoabo, Macururé, Pedro Alexandre e Rodelas. Em Pernambuco, o projeto chega aos municípios de Jatobá, Petrolândia e São José do Belmonte e em Sergipe, em Canindé do São Francisco.
O projeto pretende ainda “criar um Fórum destes Conselhos como estratégia de rede para o fortalecimento das proposições, lutas e conquistas de políticas públicas apropriadas e sustentáveis, voltadas para as mulheres e suas famílias”.
Edvalda Aroucha, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, reforçou a necessidade das mulheres continuarem lutando, ao lado dos homens, para consolidar conquistas históricas e assegurar avanços cada vez maiores para a criação, em todos os níveis, municipal, estadual e federal, de políticas públicas que assegurem às mulheres estes direitos, que são universais, de viver e de serem felizes”.
A Secretária Aparecida, em sua palestra enfatizou que “a Lei Maria da Penha, que hoje completa 4 anos de sua sanção pelo presidente Lula, trouxe avanços consideráveis na punição exemplar de pessoas que muitas vezes se utilizam de sua projeção na mídia, para agredir, tripudiar, ironizar das legislação e continuar em liberdade ou sem nenhuma punição. As coisas estão mudando. As denúncias estão acontecendo de forma intensa. Em apenas 6 meses deste ano, cerca de 340 mil mulheres denunciaram as violências que sofreram e a Lei Maria da Penha tem sido aplicada com rigor”.
A palestrante citou vários casos de violência contra a mulher, dentre eles os de Eloah e de Elísia Samúdio que continua na mídia e citou o caso de Dado Dolabela e Luana Piovani. Disse: “Dado Dolabela agrediu Luana, foi impedido pela justiça de se aproximar dela e andava debochando, com um fita métrica, ironizando a distância que deveria separa-lo de Luana. Foi condenado a mais de dois anos de prisão e eu estou empenhada pessoalmente por esta condenação, o que fará com que outras pessoas, que se acham intocáveis pela Lei, pensem duas, três, muito mais vezes antes de cometerem atos de violência contra a mulher”.
