Morre em Salvador, D. Neyde Cerqueira Lima, Cidadã de Paulo Afonso

Uma das pioneiras na área da educação em Paulo Afonso foi a professora Neyde Cerqueira Lima, esposa do também pioneiro da comunicação na Chesf, Dr. Bret Cerqueira Lima.

Ela foi diretora do Ginásio Paulo Afonso entre os anos de 1953 e 1961. Aposentados, Bret e Neyde moravam em Salvador. Há alguns anos, 2001,D. Neyde esteve em Paulo Afonso acompanhando o marido Bret e do Dr. Mucini, casado com D. Alma, irmã de Bret, quando recebeu o título de Cidadã de Paulo Afonso em solenidade realizada na Câmara Municipal.

Há poucos dias o casal perdeu uma filha, o que os deixou muito abalados. O casal esteve internado por alguns dias em hospital da capital baiana. D. Neyde faleceu no dia 19 de março e seu corpo foi cremado. Dr. Bret, muito abalado ligou para a direção do jornal Folha Sertaneja e falou desses momentos tristes porque está passando. Os ex-alunos do Ginásio Paulo Afonso, que conviveram com D. Neyde por 9 anos também choram a sua morte.

Euclides Batista Filho, um aguerrido defensor de que autoridades e comunidade passem reconhecer a importância dos pioneiros de Paulo Afonso, muitos deles personagens do seu livro Nós Fizemos Paulo Afonso, cuja 3ª edição que passa a se chamar: Paulo Afonso, nós fizemos esta história, está em fase de conclusão, escreveu sobre a mestra o texto a seguir.

Dona Neyde, a Diretora

Ela foi especial, que de 1953 a 1961 foi a terna diretora do Ginásio Paulo Afonso, como colaboradora, sem salário algum, numa época em que educar era uma missão sagrada, um sacerdócio, quando professores eram respeitados e reverenciados pela sociedade.

Ela não era funcionária da Chesf, nem do Estado, nem da prefeitura ou de qualquer entidade. Era esposa de um engenheiro da Companhia, e gozava da amizade e da confiança do especialíssimo Alves de Souza, primeiro presidente da estatal que teve a missão de construir a grande hidrelétrica de Paulo Afonso, que produziria energia para indústrias do Nordeste e libertaria da miséria milhões de desvalidos brasileiros.

E aquela dama bonita e culta, nordestina do Maranhão, sentia necessidade de dar sua quota de colaboração na redenção do seu povo. E o fez aceitando o irrecusável convite do suave Alves de Souza para administrar o recém-criado ginásio, oportunidade em que participou da educação de filhos dos bravos operários e técnicos que rasgavam a rocha abrindo cavernas que abrigariam as gigantescas máquinas do progresso.

Filha querida do empresário Septimus Clark e da senhora Izabel Rodrigues, foi também ela uma pioneira de Paulo Afonso, operária da educação e da cultura. Nascida na Fazenda Santa Cruz, Buriti, Maranhão, cursou o ginasial em Parnaíba, litoral maranhense.

Tornou-se professora, mas foi trabalhar como secretária da Inspetoria da Alfândega, de 1940 a 1947. Em 07/01/1946 casara-se com o jovem engenheiro baiano Bret Cerqueira Lima, que em São Luiz iniciara sua carreira profissional na construção do porto de Itaquí. Coisas do destino, misteriosas e inexplicáveis.

Em 1949, com o ingresso do marido na Chesf, o jovem casal foi a primeira família a habitar o Bairro General Dutra, quando Paulo Afonso era apenas um minúsculo núcleo de civilização no seio da caatinga sertaneja.

Em 1961, por solicitação do engenheiro Amaury Menezes, a abnegada educadora, também dirigiu, durante dez meses, o recém-criado Centro de Formação Profissional, mais conhecido como Escolinha. Naquele mesmo 1961, com o nascimento de sua filha Kátia em 10/02, a ilustríssima mulher aqui referenciada optou por priorizar o marido, a filha, o lar. Perdia assim, a educação pauloafonsina, a mestra que trabalhava sem remuneração, apenas por amor à nobre profissão que abraçara. Dizia que o salário do marido engenheiro bastava para a família.

Em 1970 o Dr. Cerqueira foi chefiar o setor comercial sul, em Salvador, mudando-se a família para a capital baiana, onde ainda mora. Tenho certeza de cada ginasiano pauloafonsino da década de cinqüenta já identificou o excepcional ser humano personagem deste texto, sua excelência, Dona Neyde Rodrigues de Cerqueira Lima, sensata, bela, coerente, honrada, mulher, mãe, esposa, amiga, pioneira co-fundadora de Paulo Afonso, para quem toda e qualquer homenagem é insuficiente. Desconheço homem que tenha melhor sorte do que Bret Cerqueira Lima.

A Câmara Municipal de Paulo Afonso honrou a professora Neyde com o título de cidadã pauloafonsina, através do Projeto de Decreto Legislativo nº 004/2001.

Dona Neyde C. Lima morreu em 19/03/2010 em Salvador / BA.