Em depoimento nesta terça-feira (16) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, Jesualdo Fernandes Costa Filho, 52 anos, negou com veemência que tenha sido o autor das agressões sexuais que teriam sido sofridas pelo seu filho Bruno, de 4 anos. Residente em Paulo Afonso (BA), ele chegou a ficar preso por 30 horas, “sem beber nada, nada”, mas refutou todas as acusações a ele impostas em um relatório assinado por uma psicóloga, o qual serviu de base ao inquérito no Ministério Público que originou a sua prisão.
– A policia errou, o Ministério Público errou. A delegada errou em prender um inocente. Eu não fiz nada com meu filho. Se investigaram, investigaram errado, não tem a menor condição – disse Jesualdo ao presidente da CPI da Pedofilia, senador Magno Malta, que acompanhou o depoimento com os senadores Romeu Tuma (PTB-SP) e José Nery (PSOL-PA).
Funcionário da Companhia Energética do São Francisco (Chesf), Jesualdo atribuiu as denúncias à mãe da criança e sua ex-esposa, a médica Rosângela. Ele disse que ela é uma mulher “ciumenta, mentirosa e inteligente” que estaria “aterrorizando psicologicamente” a cabeça de Bruno. Atualmente, a criança vive na companhia de Rosângela e há um ano e oito meses não vê o pai, conforme assinalado pelo próprio depoente.
– Ela [Rosangela] está trabalhando a cabeça da criança, não fiz nada com meu filho – disse Jesualdo, garantindo que nunca faltou nada a Bruno e que sempre deu assistência ao menino, mesmo separado da mãe da criança.
Antes de ouvir Jesualdo, a comissão tomou o depoimento da ex-babá de Bruno, Maria de Fátima Matias Barbosa, que também negou todas as acusações de agressão sexual contra o menino. Maria de Fátima, que também chegou a ser presa em decorrência das denúncias, também foi inocentada pelo pai de Bruno em seu depoimento. Segundo ele, Rosângela tinha ciúmes da ex-babá.
– Fátima nunca fez nada com aquela criança, nem eu – disse o pai de Bruno.
Jesualdo disse ainda que nunca manteve relação incestuosa com sua filha Suzelaine, de 28 anos, fruto do casamento com sua primeira mulher, que morreu aos 22 anos. Da união também nasceu Anderson, de 25 anos. Ambos acompanharam o depoimento de Jesualdo e negaram que tenham sido estuprados pelo pai quando eram crianças, conforme informações encaminhadas à comissão.
Jesualdo disse que Rosangela tinha ciúmes de Suzelaine porque ele entregava à filha o ticket-alimentação que recebia mensalmente da Chesf. Disse ainda que, em razão de sua viuvez precoce, sempre contou com o auxilio da mãe e de seus familiares para a criação de Suzelaine e Anderson.
Depoimento dos filhos
Os senadores também ouviram os depoimentos de Suzelaine e Anderson. Bastante emocionada, Suzelaine disse que Jesualdo nunca faltou em suas obrigações de pai e que ele viajava muito quando conheceu Rosângela.
– Não vou chamá-la de louca, desequilibrada. Ela é uma pessoa que tem sua profissão, é medica, lê muito. Mas seu namoro com ‘painho’ foi conturbado. Ora estava bem, ora estava brigada – afirmou.
Disse ainda que as agressões entre o casal, presenciadas por ela e seu irmão, não partiam apenas de Jesualdo, e que Rosângela “tocava fogo no colchão”, o que ela não aceitava.
– Sempre fui contra o namoro. Saí de casa quando eles casaram. Faço serviço social, sou contra pedofilia, mas também sou contra injustiça – afirmou.
Suzelaine também garantiu que Rosângela não é louca, tendo em vista que a ex-mulher de seu pai “não rasga dinheiro”, mas atribuiu as denúncias à “vingança de mulher apaixonada”.
– Se lerem o inquérito, quem relata o que Bruno fala é a mãe. A criança responde às perguntas no inquérito – afirmou.
A jovem reiterou que nem ela e nem seu irmão foram molestados pelo pai e que “o único erro” de Jesualdo foi ter se envolvido com Rosângela.
Por sua vez, Anderson disse que o que está acontecendo com Jesualdo “é uma injustiça” e que seu pai “é tão inocente quanto Bruno”.
– Ele [Bruno] não está mentindo. Está sendo ensinado. A psicóloga pergunta, Bruno responde certinho – afirmou.
Suzelaine endossou a opinião, disse que a prisão de seu pai “até hoje está engasgada” e que sua família vem sendo alvo de humilhações em Paulo Afonso.
– Bruno está sendo alienado. Se ele [Jesualdo] for culpado, que pague. Ela [Rosângela], também se for culpada. que pague, Meu pai está sendo prejulgado. Quero que a CPI vá fundo nas investigações – afirmou.
Antes de encerrada a reunião, Magno Malta disse que esteve com Bruno e que a criança tem medo de Jesualdo. O senador pretende ouvir os depoimentos das psicólogas que acompanharam o caso. Segundo ele, o episódio está cercado de um “emaranhado emocional” e o objetivo da comissão é ouvir todos os envolvidos para chegar a uma conclusão sobre os fatos.
Paulo Sérgio Vasco / Agência Senado





