Samuel Celestino
O governador Jaques Wagner, mesmo não aparecendo na consulta DataFolha, acabou beneficiado pela pesquisa, que constatou o que não é novidade: a Bahia é lulista desde criancinha. É aqui que Dilma Rousseff aparece com seu melhor resultado, liderando no Estado com 34% das intenções de votos contra 30% do o time tucano. Por que é bom para Wagner? Porque ele fará sua campanha à reeleição “casado” com Dilma de um lado e com Lula de outro. Daí, o governador tem patrimônio suficiente para exigir do governo da União mais recursos para obras na Bahia. Mas não é apenas mais, é muito mais recursos. Já Serra, naturalmente, está com folga na liderança em S.Paulo com 47% a 18%. Outro aspecto: indiretamente, o DataFolha dá uma sinalizada para a sucessão baiana, mostrando que o governador fica muito bem na corrida regional
O “DataFolha,” melhor instituto de pesquisa brasileiro, no meu entender, por só pesquisar para um grupo jornalístico e não vender as suas consultas, deixou para este final de ano um panorama que contenta os pré-candidatos que estão no cenário. Apontou, no entanto, para uma realidade que cedo ou tarde seria constatada: a eleição presidencial deste 2010 se dará em dois turnos, a não ser que o quadro rodopie para favorecer amplamente governo ou a oposição. Serra com 37% das intenções de votos está sólido e Dilma avançou para 23%.
Creio que está bom para o governo virar a página do ano, perdendo para o paulista por 14% dos votos pesquisados. Mas, no somatório geral, com Ciro e Marina participando, dá segundo turno por 44% a 37%. Esse cenário ainda é irreal. Ciro só está nele por lambança, na tentativa de desgastar Serra, a quem chama de “o coisa”. Até aqui ele não conseguiu. Dispara e o governador não responde. Assim, talvez até março ele desista de ocupar a mídia com seu temperamento ruim que não se casa com a sua boa formação intelectual. Sainhdo Ciro, Marina fica (ou não?) e surgirão os eternos candidatos nanicos ocupando tempo do horário eleitoral e demonizando a paciência de nós todos. De outra maneira, o que o “DataFolha” aponta serve com um aviso aos navegantes oposicionistas. Dilma é pesada? É, sim. Mas Lula, com a sua popularidade mais do que nunca siderando, poderá carregar o peso.
O que vale dizer: a oposição não pode brincar. Não tem o direito de errar e, mais ainda, arranjar forma de aumentar o seu patrimônio político, e torcer para uma topada governista e um desencontro quando Dilma estiver sozinha, sem a companhia, tipo bengala, de Luis Ignácio. Com a saída de Aécio do xadrez, Serra fica à vontade para só se desincompatibilizar na 25a. hora do prazo eleitoral.
E ainda pode segurar o leme para aguardar a temporada das convenções partidárias. Assim, evitará desgaste pessoal enquanto confunde e abre espaço para desgaste de Dilma. Convém lembrar que quando um candidato fica em palanque muito tempo, cansa e, por consequência, erra mais do que acerta.
Se, no entanto, a candidata lulista (é petista por imposição) ameaçar crescendo além do que seria natural, José Serra poderá antecipar seu plano e sair em campo. Enfim, o que o “DataFolha” mostra neste domingo é um quadro de briga, apontando para bons lances no próximo ano.
