13 de julho de 2025

INSS: 71 peritos são agredidos em 2009 na Bahia

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A suspensão do benefício do auxílio-doença pelo INSS vitimou mais uma perita. Após indeferir o pedido de Verena Sampaio, 26 anos, a médica Edriene Barros Teixeira, 38, foi agredida com tapas no rosto e puxões que arrancaram tufos de seu cabelo na última sexta-feira, dia 11. O incidente só foi revelado nesta segunda.


 


De acordo com a Associação Nacional dos Médicos-Peritos (ANMP), com a agressão contra Edriene o número de ataques físicos a peritos na Bahia subiu para 71  este ano. Ainda conforme o órgão, a média de agressões registrada fica  acima de 100 casos por ano.


 


Em Paulo Afonso, a médica Drª Wélia já foi agredida várias vezes por usuários do INSS. Há dois anos, Karina Souza dos Santos 27, foi convocada para fazer uma perícia para avaliar seu estado. Após o exame, a médica perita constatou que a autônoma estava bem, poderia voltar ao trabalho, e que o benefício deveria ser suspenso. Karina pediu a revisão dos exames para a manutenção do benefício, alegando que não possuía condições de voltar ao trabalho, fato ignorado pela médica. Karina Santos, sem pensar duas vezes e já prevendo a negativa da médica jogou fezes no balcão de atendimento do INSS, e por muito pouco não atingiu com as fezes a Drª Wélia.


 


Outro caso desta natureza envolvendo Wélia aconteceu em 2007 quando a senhora de nome Maria José que no período de maio de 1978 até dezembro de 1989, ficou internada no Centro Psiquiátrico Judiciário PMS de Maceió-AL, também não aceitou um “não” da médica e partiu para a briga. Depois de puxões de cabelos, chutes, tapas e unhadas, as duas ficaram com várias escoriações pelo corpo e vários objetos da agência foram destruídos, a exemplo de um computador.


 


O incidente da sexta-feira em Salvador retomou a discussão sobre a falta de condições básicas de trabalho da categoria. A lista de reclamações  é longa e inclui  ausência de papel-toalha, lençol para forrar a maca onde o segurado é avaliado, fechadura nas portas, falta de máscaras e aparelhos para medir a pressão arterial. Para se ter uma ideia, na função de perícia médica na Agência da Previdência Social (APS) do Comércio estão lotados quatro médicos onde só existem três consultórios.


 


“A quarta sala é improvisada atrás do local do atendimento administrativo”, conta a delegada da ANMP, secção Salvador, Verusa Maria Rodrigues Guedes.


 


A pequena quantidade de médicos também é um problema. Apenas em Salvador e região metropolitana (RMS), existem 15 agências do INSS, com aproximadamente 40 médicos-peritos. “Precisaríamos de, pelo menos, o dobro para atender o segurado da maneira que deve ser”, explica Verusa Guedes. Já o INSS afirma que na capital atuam 60 profissionais.


 


Os peritos ainda alegam ser pressionados a disponibilizar apenas 15 minutos por segurado, totalizando 24 atendimentos no período de seis horas. “É impossível. No máximo só se atende bem 12 pessoas nesse tempo”, afirma a delegada da categoria.


Apesar de o presidente da ANMP, Luiz Carlos de Teive e Argolo, ter afirmado que as agências do Comércio, da Avenida Sete e da cidade de Alagoinhas paralisariam o atendimento a partir de ontem por causa das agressões e da insegurança, A TARDE confirmou que as atividades continuavam normais pelo menos nas agências de Salvador.


 


Segundo o presidente, os detectores de metal e vigilantes terceirizados das APS não inibem a violência nas agências. “Os médicos são ameaçados, coagidos,  espancados e o INSS não resolve o problema”,  critica.  Conforme a associação dos médicos, os vigias atuam apenas como seguranças patrimoniais, tomando conta dos bens das agências. Já os detectores de metal não impediriam a entrada de armas nos postos do INSS.


 

Argolo ressaltou ainda a situação crítica da agência do município de Alagoinhas, onde há 11 anos ocorrem episódios de violência contra médicos. A agência já esteve fechado há cerca de um ano por  problemas de agressões e ameaças que levaram médicos residentes na cidade a se mudarem com suas famílias.

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