“Sou pernambucano de nascença, baiano de criação, paraibano de vivência e nordestino de coração”, é assim que Antonio Manoel define as suas origens. Com 34 anos, o professor de física veio a Paulo Afonso com três meses de vida, onde permaneceu até o início de sua adolescência, quando foi para Paraíba, mas retornando em 1998. Quando criança, inspirado no seriado “Carga Pesada” que passava na época, queria ser caminhoneiro. “E minha mãe ficava louca com isso. Ela dizia ‘meu filho, vá estudar’… Não desmerecendo a classe, claro, mas toda mãe quer ver um filho formado, médico, engenheiro.” E foi exatamente o que ele fez.
Com 15 anos foi para Paraíba concluir os estudos. Aos 16, muito bom em matemática chegou a substituir o tio e alguns outros professores e também a dar aulas de biologia; a partir daí foi tomando gosto e se deixando levar pelo caminho da educação. Também foi garçom, locutor e discotecário na Rádio Correio FM
A curiosidade, desde moleque, em saber como as coisas funcionavam, certamente foi um dos fatores que fizeram optar por Física. A ciência de ampla visão fascinou-o, deixando-o ciente de tudo que nos rodeia e dando-lhe o “poder” que tanto queria de saber como as coisas funcionam. O difícil é fazê-lo escolher entre a Física e a História, outra área que o deixa fascinado. “A Física e a História sempre andaram juntas. Nas minhas aulas eu sempre contextualizo o assunto dado, com um momento histórico, englobando, assim, duas coisas que tanto gosto”, diz Manoel.
Prestes a completar 11 anos como profissional, atualmente Antonio Manoel é professor no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, já foi professor no Montessori, na escola Teorema
Segundo ele, a educação ainda está passando por um momento delicado, onde a classe não é reconhecida e precisa trabalhar muito para atingir determinado padrão salarial. Contudo, faz tudo com muito gosto. “Gosto dessa relação entre os alunos, eu aprendo muito com eles, porque professor não só ensina, mas também aprende. E a cada dia é um novo desafio, cada turma é uma maneira de ensinar”, comenta Manoel.
Apaixonado pela ilha de Paulo Afonso, Manoel que tem a música sempre presente em seu cotidiano, já teve banda, toca violão e baixo. Preocupado com o cenário cultural da cidade, Antonio Manoel encerra o “É da Terra” dessa semana com o seguinte recado:
“Paulo Afonso é uma cidade que tem uma fome de cultura. Faltam políticas públicas em relação a isso, a dar mais espaço a toda e qualquer forma de cultura, o teatro, a pintura, música então… É muita segmentada aqui. Sorte é que tem uma galera nova ou até mesmo aqueles que fazem seu trabalho de forma independente, que mostram sua percepção musical. E temos bons músicos na cidade, mas que aos poucos vão se perdendo e se tornando burocratas, deixando sua arte de lado. Acho muito triste isso, porque deveria abrir mais canais, abrir mais espaços a música alternativa.”