29 de março de 2024

Pirataria, tecnologia e cinema em Paulo Afonso.

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Marcos Pinheiro – Assim que surgiu o “boom” dos DVDs, você foi um dos primeiros empresários a investir na nova mídia. Lembro também, há alguns anos atrás, que a DVD Club tinha muitas filiais espalhadas pela cidade e hoje apenas uma está em funcionamento. Isso é reflexo da pirataria?


 


Erivaldo Araújo – O reflexo da pirataria está prejudicando bastante o comércio, até porque nós já chegamos ao ponto de termos doze funcionários e com isso essas pessoas ficaram sem emprego. Infelizmente não tivemos como permanecer com eles no estabelecimento; não tinha como fazer o pagamento deles com essa situação. Enquanto a gente compra uma mídia por R$ 125,00, que temos que circular no mínimo 30 vezes pra poder cobrir esse valor, as pessoas vendem uma mídia a R$ 2,00, R$ 2,50… Então é uma concorrência injusta. Eu acho que mesmo com toda sua especialização em administração, não tem como manter isso sob controle, então a gente torce muito para que o poder público tome a iniciativa.


 


 


Marcos Pinheiro – No início do ano, foi instalada a lei municipal que proibia a venda de CDs e DVDs piratas. Realmente chegou uma época que isso estava igual praga, todo canto tinha. Isso obviamente prejudicou o seu trabalho e redes como o G Barbosa, que pararam de investir na venda dessas mídias. Como é que você reagiu a essa lei municipal e o que tem feito pra driblar a pirataria?


 


Erivaldo Araújo – Essa lei eu acredito que só exista no papel, porque eu acho que nunca mudou. Houve uma certa pressão do poder público na época, onde tivemos uma reunião, todos participaram, na qual se firmou um compromisso de fiscalização até ostensiva na nossa cidade, pra coibir essa questão da pirataria, mas que não obteve sucesso; permaneceu escondido, o pessoal foi fazendo… Inclusive agora permanece do mesmo jeito, colocam até computador no centro da cidade tirando cópias de mídia. Isso é um absurdo! Então a gente vê até onde a lei é obedecida. A lei só é obedecida por aqueles que são formais? Que pagam seus impostos, que tem funcionário?… É uma coisa injusta! Então a gente espera que o poder público reveja a situação, pois ele tomou a decisão, mas depois não fiscalizou, não acompanhou o processo.


 


 


Marcos Pinheiro – Você acha que a grande saída para essa “crise” causada pela pirataria seja o “blu-ray”?


 


Erivaldo Araújo – O “blu-ray” vai prejudicar bastante a pirataria, porque é uma coisa que as empresas cinematográficas estão fazendo para diminuir o processo; vai ser uma mídia bastante cara de copiar. Mas é isso… É o futuro; a sobrevivência das locadoras será o “blu-ray”.


 


 


Marcos Pinheiro – Devem cobrar e comentar muito com você a questão do cinema em Paulo Afonso. Você corre atrás pra que isso seja possível, como é que você vê essa situação?


 


Erivaldo Araújo – Nós já tomamos uma iniciativa, inclusive sem o apoio do poder público e sem o apoio até mesmo dos governantes da nossa cidade na época. Nós investimos um valor de 60 mil reais, em parceria com uma empresa de cinema de Sergipe, pra gente ver a possibilidade de colocar uma sala de projeção aqui, mas infelizmente foi um dinheiro que aplicamos com muita coragem, porém nós não tivemos nenhum retorno desse valor. Nós tivemos que encerrar, até porque a cidade não era propícia a ter um cinema. Eu digo que Paulo Afonso não tem cultura. Se é uma cidade que tem cultura, nós deveríamos ter aqui um teatro, deveríamos investir bastante na área de programas culturais, incentivos à parte de cinema, porque isso desenvolve muita a cabeça do jovem. Mas não, Paulo Afonso tem uma tradição de bares, festas, muito pagode… Então o jovem se afasta muito das coisas que fazem uma cidade crescer. Se você verificar na história de muitas cidades do sudeste do país, como Maringá; você verifica uma história cultural da cidade, então a juventude estuda mais, ela se envolve mais com as situações da comunidade, o sistema de voluntariado é imenso, principalmente a parte cultural. É raro uma faculdade ou uma escola nível médio não ter um evento cultural no seu município. Infelizmente em Paulo Afonso é uma grande briga pra gente manter qualquer evento cultural na cidade, com muita dificuldade pra conseguir apoio, não só do poder público, como da classe empresarial também.

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