29 de março de 2024

Professor Nery – Concurso Público

Por

De chofre, veio a pergunta por Ozildo Alves, no ar: “O que você acha do concurso?”
       
        Para começar, um acordo: vamos partir do pressuposto que o Concurso da Prefeitura foi realizado dentro da lei, não houve fraudes nem apadrinhamentos. Isto é um pressuposto. O acordo também implica o artigo ser mais longo do que costumeiramente o faço.
 
        Para governo do leitor – e também do concursado interessado – deve ficar claro que já enfrentei concursos e testes de seleção e já passei em alguns deles; Chesf e Governo da Bahia, por exemplo.
 
        Também que se saiba que estou entre as vítimas da era Collor quando nossos inimigos se valeram para se vingar dos seus desafetos; no meu caso meia dúzia de inimigos astutos do Colepa que já desapareceram na poeira histórica da incompetência. Os demitidos por Collor foram anistiados pelo Presidente Itamar Franco mas há dezessete anos lutam para readiquirir seus direitos conquistados na ponta da caneta.
 
       O que quero dizer é que, fique certo o concursado, quem aqui escreve sabe o que é sofrer perseguição, preconceito e maldade. Mas, diria também, para conforto de todos nós, que só se cresce na adversidade. Ela molda o nosso caráter e nos faz enxergar e desprezar os pilantras que passam por nós de cabeça baixa. Talvez tenhamos que lhes agradecer o bem que nos fizeram querendo fazer o mal (vide cartas de São Pedro). Fernando Collor, por exemplo, disse-me alguém que frequenta o Congresso, desmanchou-se em desculpas e salamaleques ao encontrar a comissão dos demitidos no corredor do Senado. Então, leitor, fique certo que quem escreve este artigo é um dos nossos – ou um dos vossos.
 
        O que costumo ver são concursos com muitos, muitos candidatos onde se classificam – ou passam – alguns deles. Tem sido assim nos concursos do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e da Chesf, para citar alguns. Em 1973, na Chesf, em Salvador, foram selecionados 10 candidatos do total de 319. Fui o segundo colocado em português e o terceiro em matemática. Três meses após a admissão, estava novamente participando de um outro concurso da Chesf desta vez como aplicador do concurso a convite do saudoso Professor Pimentel.
 
        Em alguns casos, a instituição compõe um banco de reserva de candidatos classificados deixando bem claro, de antemão, que estão em um banco de reserva. As regras são bastante claras desde o início. Não há como entender que se “passem” 2.000 candidatos para admissão imediata em um universo de cerca de 3.000 funcionários de uma instituição.
 
        Aprendi com o meu pai que promessa é dívida. A promessa deve ser tomada como dívida e com honra e caráter deve-se procurar honrá-la. O que não pode ser admitido é que se encha alguém de esperança para depois impiedosamente desapontá-lo. Isto explica a revolta e a baderna de quem sente a dor no calo do pé.
 
        Não importa que os primeiros 250 colocados (Estou citando a mídia local.) tenham sido de fora.Este dado apenas coloca as autoridades, as famílias e as escolas de Paulo Afonso na posição defensiva. Algo deve estar errado. O dado é assustador mas não se deve jamais fazer o jogo político mexendo com a esperança das pessoas. Acho que a solução terá que ser política. Por solução política entende-se conversa, acordo e acomodação – dentro da lei. Não há como comprometer o orçamento nem estagnar o desenvolvimento. O dinheiro do contribuinte tem que ser empregado para o desenvolvimento abrangente da comunidade.
 
        A melhor solução para a questão do concurso poderá sair de uma reunião do executivo municipal com meia dúzia de assessores competentes que tenham sensibilidade política e verdadeiro comprometimento com o social isolados em local adequado em um fim de semana ou em um feriado prolongado, aplicando técnicas como a técnica da gaveta. Assim faziam os presidentes Roosevelt e Nixon, Getúlio Vargas, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e até Adolf Hitler para suas maldades. A solução, tomando-se como certo o pressuposto do início deste artigo, terá que ser política!
 
        A outra hipótese seria a ampla revisão dos procedimentos de preenchimento de cargos, redução drástica do número de cargos de confiança e revisão dos conceitos de escolha. Nos países desenvolvidos, a máquina administrativa permanece intacta e não há solução de continuidade quando há mudança de governo.
 
        O que realmente lamentamos é que muitos dos concurados são jovens briosos que apenas querem vencer pela via do estudo, do esforço e da concorrência leal dentro das normas estabelecidas pela lei; jovens que querem praticar a cidadania, garantir um futuro sem privações, comprar seu carro, viajar pelo mundo, pagar seus impostos e ajudar os seus familiares, principalmente a sua mãe.
 
        No Brasil já sem miséria absoluta mas ainda bastante injusto na sociedade, na cultura e na economia, eles já purgaram o que tinham que purgar.
 
 
Francisco Nery Júnior

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