22 de março de 2025

Professor Nery: Conversa com os Comunicadores

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O nível cultural da comunidade de Paulo Afonso está indiscutivelmente acima da média das outras cidades da Bahia. Temos bons comunicadores, bons repórteres, bons âncoras. O desenvolvimento – curioso – é harmônico. Uma boa administração se permeia em um ambiente de entendimento cívico, entre pessoas que têm a noção fundamental que o único caminho é o entendimento, para não dizer a acomodação, ciente que o confronto é o caminho mais curto para a destruição. Não foi dessa maneira que  impérios e civilizações caíram em desgraça? O Império Romano, intrigantemente mais sábio, chegou perto dos 600 anos. As "trevas" da Idade Média impediram a ascensão de um único centro de poder, se é que os árabes não ocuparam esse lugar, com os chineses, mais sábios que supomos,  bem quietos no seu lugar.
 
A conversa é com os comunicadores, de nós os comunicados, ansiosos por informações. O leitor sabe que conhecimento é poder. O aluno, no nosso caso o leitor/ouvinte, tem os seus substratos, os seus conhecimentos, fundamentais para o processo de desenvolvimento.
 
Assim sendo, diríamos nós em retorno ao comunicador: 1) Melhor evitar termos não "jornalísticos" como obstaculizar, hortifrutigranjeiros, peremptoriamente. 2) Evitar, a todo custo, o "aí" de apoio. Ao repetir "aí" em uma exposição oral,  o comunicador passa a ideia de despreparo; não pesquisou o suficiente para comentar. 3) O repórter, ao narrar um fato, deve dizer ao ouvinte o que ele quer saber. Houve um assassinato: quem matou, quem morreu, quando aconteceu, idade, hora, local, motivo, parentesco, etc. Buscar todas estas informações antes de "informar". 4) O âncora deve evitar comentar temas que não domina. Melhor convidar alguém entendido no assunto.
 
Em uma entrevista, interagir com o entrevistado. A entrevista é uma conversa. Prestar atenção às respostas olhando o entrevistado nos olhos. Nada mais desestabilizador para o entrevistado do que o entrevistador o abandonar enquanto, em off, responde perguntas e mantém conversa paralela (principalmente no rádio). Fundamental deixar o entrevistado falar. A estrela do momento é o entrevistado e não o entrevistador que deve assumir a postura de provocador, aquele que tenta retirar a informação (a verdade) do entrevistado. A técnica de Sócrates, o grego, era retirar (como a parteira) o conhecimento do aluno. O entrevistador tem muito pouco que intervir quando o entrevistado domina o assunto da entrevista e sabe se colocar. 
 
Vamos andando, e carece dizer que é melhor evitar barbarismos, termos de outras línguas. Cuidado com a transposição. Em português, as consoantes (soam com) costumam se apoiar nas vogais. Então, pronunciar hambúrgeres, [big] brotheres, etc.
 
Não é necessário gritar. Comunicar não é gritar. Não há registro de Jesus gritando. "Em alta voz" e "bradou", aparecem poucas vezes nas encrituras, poucas vezes em que o Mestre considerou fundamental que todos ouvissem e registrassem para a posteridade. Além do que, não havia sistema de amplificação de som.
 
Preparar-se, descansar a voz. Se a boca está seca, morder a língua para salivar; se estiver salivando além do normal, colocar a ponta da língua no céu da boca. Para conseguir uma boa fluência com boa articulação, ler um texto com um obstáculo na boca pouco antes de entrar no ar.
 
O comunicador é o sistematizador – senão o formador – de opiniões. Carece ouvir bastante, observar, futucar, imiscuir-se nas comunidades para lhes devolver os seus anseios e formulações de forma sistematizada. É o que poderia dizer aos comunicadores de Paulo Afonso a quem tenho a honra de me considerar colega.
 
 
Francisco Nery Júnior 

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