22 de dezembro de 2025

Dora na Serra do Padre e a nossa vocação turística

Por

REDAÇÃO - PA4.COM.BR

Francisco Nery Júnior.

Eu a encontrei hoje pela manhã. Percebi que era alguém conhecido – os mais velhos percebem enquanto os mais novos veem -, e concluí que era Dora, intrépida empresária de Paulo Afonso, quando olhei para o seu carro tipo jeep com placa de Aracaju. Alguém tinha me dito que Dora, doravante, estava morando na capital de Sergipe.

 

Dora (pronúncia Dôra) fez parte da primeira excursão que fizemos a Cabo Verde, país lusófono de dez ilhas na costa ocidental da África. Em outras palavras, país falante do português. Dora é organizada. Trocou os seus dólares no Banco do Brasil de Aracaju e ficou imune de acusação quando, no meio de todos os dólares de nós outros, uma nota falsa. Creio não ter sido uma das minhas, que eu havia trocado com missionários americanos em Paulo Afonso. Um cambista espertalhão, daqueles que a nossa tradição cultural sabe bem produzir, deve ter se aproveitado de algum incauto do grupo.

 

A nossa Dora tinha acabado de visitar a Serra do Padre, bem ali ao alcance de Paulo Afonso. De lá, a vista deslumbrante de uma cidade que bem poderia ser chamada de turística. Ou poderia voltar a sê-lo, voltar a ser isso em português mais palatável. Dora se mostrou encantada. Falou e mais falou sobre a doçura de subir a serra e, à sua vista, a Paulo Afonso dos sonhos de todos nós. Não apenas sonhamos Paulo Afonso. Nós a vivemos.




 

Então, por que a serra não atrai a atenção dos governantes da região (pelo que estou informado, a serra não se encontra nos limites da nossa cidade)? Por que não um mirante para nós e para os turistas? Por que não sonhar com uma ligação ferroviária entre Piranhas e Paulo Afonso? Trinta quilômetros de estrada de ferro poderiam se tornar realidade com a ajuda de verbas parlamentares e com algum tipo de subscrição por parte dos nossos empresários. Eles seriam, como todos nós, beneficiários últimos do empreendimento.

 

Temos a informação do pessoal do turismo que já tivemos três ônibus de visitantes por dia. Por que não sermos capazes de os atrair de novo? De uma cidadezinha do sul do Brasil, veio um belo exemplo: a iniciativa privada, na realidade um empresário dos menores, recuperou uma extensão ferroviária de dez quilômetros entre duas cidades e explora o trecho, com lucro satisfatório, por vinte anos.

 

Andar de trem. Voltar aos velhos tempos. Cruzar Lisboa nos velhos bondinhos. Sentir o cheiro da fumaça e do atrito das rodas nos trilhos. Voltar ao passado no que ele tem de melhor. Quem enjeitaria tal banquete? Quem recusaria tal felicidade? Que bom se pudéssemos encher a nossa cidade de visitantes saudosistas devolvendo a Paulo Afonso a sua indiscutível vocação turística!

 

Francisco Nery Júnior




 

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