22 de dezembro de 2025

Com medo de ameaças, Jean Wyllys desiste de mandato e deixa Brasil: “Não é seguro”

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REDAÇÃO - PA4.COM.BR COM CORREIO DA BAHIA

(Foto: AFP)



 

 

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), eleito para seu terceiro mandato, vai desistir de assumir o cargo e deixar o Brasil. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo, que entrevistou o político baiano.

 

De férias fora do país, o parlamentar informou que não pretende retornar e seguirá com sua carreira acadêmica – ele é formado em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).

 

Wyllys vive com escolta policial desde que sua colega de partido Marielle Franco foi assassinada, em março do ano passado. Na entrevista, ele lembra de uma conversa que teve com Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. “O Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, diz.

 

Ele fala também que as informações recentes de que o ex-PM que é suspeito de chefiar a milícia responsável pela morte de Marielle estaria ligado ao senador eleito Flávio Bolsonaro também influenciaram a decisão. “Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinetea esposa e a mãe do sicário”, diz. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, acredita.

 

Jean foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a levar questões da agenda LGBT ao Congresso Nacional. Nas redes sociais, ele é dos alvos preferenciais de grupos conservadores. Ele diz que a decisão não foi fácil e que ainda não sabe ao certo para onde vai, ironizando: “Eu acho que vou até dizer que vou para Cuba”.

 

O político fez uma publicação no Facebook. “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”.

Decisão
Na entrevista, o político diz que já pensava em abandonar a vida pública desde a morte de Marielle. “Nunca achei que as ameaças de morte contra mim pudessem acontecer de fato. Então, nunca solicitei escolta. Mas, quando rolou a execução da Marielle, tive noção da gravidade”, diz.

 

Ele conta que era muito xingado e empurrado, mesmo com presença de seguranças ao seu lado. Wyllys diz que a campanha presidencial que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro agravou a situação. “Eu não era candidato à Presidência da República, mas a principal fake news me envolvia —o kit gay. Foi uma fake news produzida em 2011 e atribuída a mim”, relata. Ele diz que em julho, quando ouve um eclipse lunar, ele não pode sair de casa para ver o fenômeno, o que o abalou e resultou em crise de choro. “Não posso estar no meu país e não poder descer para ver um eclipse lunar sem ser insultado por pessoas que acham que sou pedófilo, que quero homossexualizar crianças”.

 

O político diz que não desistiu de se candidatar porque “não era uma questão só minha, envolvia o partido” e que já estava no fluxo do seu trabalho, por isso nem chegou a cogitar. O atentado a Bolsonaro “atiçou a violência contra mim nos espaços públicos” ainda durante a eleição.

 

Wyllys cita a violência contra LGBTs no Brasil, que tem “crescido assustadoramente”, como um motivo para deixar o país. “Não foi a eleição dele (Bolsonaro) em si. Foi o nível de violência que aumentou após a eleição dele. Para se ter uma ideia, uma travesti teve o coração arrancado agora há pouco. E o cara (o assassino) botou uma imagem de uma santa no lugar. Numa única semana, três casais de lésbicas foram atacados. Um deles foi executado. A violência contra LGBTs no Brasil tem crescido assustadoramente”.

 

Morte de Marielle foi citada por Jean Wyllys (Foto: Reprodução)

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse à Globo que o Brasil vive uma situação “muito grave”, o que é evidenciado pela decisão de Jean de deixar o país. “A situação do país é realmente muito grave, e a gente tem defendido que a resistência democrática no país é necessária. O Jean era e ainda é uma nesse processo de resistência democrática”, afirmou o presidente do PSOL. “A decisão dele é de caráter pessoal”, afirma.

 

Medeiros lamentou a decisão de Jean, dizendo que o partido gostaria que ele continuasse, mas afirmou que todo o PSOL entende e se solidariza com o deputado.

 

A vaga de Jean ficará com o vereador carioca David Miranda (PSOL-RJ). Miranda também é ativista LGBT e casado com o jornalista Glenn Greenwald, vencedor do Prêmio Pullitzer em 2014 por sua reportagem sobre programas de vigilância secretos dos Estados Unidos.

 







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COMENTÁRIOS

Comentários 12

  1. De olho... says:

    Tchau. Faz falta não.

  2. JAIRO ESCLARECIDO says:

    VÁ EMBORA MESMO, DEUS TE ABENÇOE, MAS BEM LONGE DE MIM.

  3. CARLOS SANTOS says:

    A FICHA CAIU? POIS É DEPOIS DE TANTA MERDA QUE VOCÊ FALOU E FEZ, REALMENTE NÃO É SEGURO, ACHAVA QUE JAIR NÃO GANHAVA CAIU DO CAVALO, AGORA PAGUE POR SUA BURRICE.

  4. Geraldo says:

    Vai pra Cuba ou Venezuela?

    • wassil landoaldo schettini says:

      Olá Geraldo bom dia….. você tem muito bom gosto em indicar ótimas opções para o Glorioso Jean. Acrescento aí a Rússia ou também o Irã.

  5. Júlio says:

    Vai te bora…!!!

  6. Flor observadora says:

    Vai pra Venezuela meu amor.
    Estou anciosa para ver a notícia da moradia desse ser humano imoral, vitimista e hipócrita.

  7. Nativo OBSERVAFOR says:

    Esse OFICIAL DO D…não representa o homem e mulher que pensam em viver num Brasil de pessoas decentes.

  8. eduardo says:

    demorou v se levas mais dois……

  9. Adri says:

    Se fazendo de vítima. Logo ele que é tão bravo. Espero que nunca mais volte. Covarde.

  10. SOUZA says:

    A “fuga” de Jean pode está relacionada às investigações sobre o caso Adelio Bispo

  11. Iran says:

    Jean Wyllys já fez o que queríamos, ter cuspido na cara do Bozo. Obrigado Jean!

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