22 de dezembro de 2025

Falta de qualificação deixa mais de 10 mil vagas abertas no interior da Bahia

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A Bahia cresceu nos últimos anos em um ritmo acima do país. Novas frentes de trabalho foram criadas para atender à demanda de uma economia aquecida, mas a qualificação de mão de obra não acompanhou a mesma velocidade, especialmente no interior do estado. Para especialistas, o problema tem início no processo de aprendizagem: a educação básica. Sem a base, futuros profissionais encontram dificuldades para finalizar até cursos técnicos e profissionalizantes.

Especialistas entrevistados pelo CORREIO apontam a educação como prioridade para o desenvolvimento de uma região. “A interiorização do comércio varejista hoje está num ritmo muito acelerado. Mas o que existe hoje é o profissional sem muita experiência e sem muita qualificação. Isso vem refletir, justamente, o fraco desempenho educacional que se tem no interior”, considera o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Bahia (FCDL), Antoine Tawil.

Segundo ele, caso a demanda por profissionais com melhor educação fosse suprida, cerca de 10 mil vagas poderiam ser preenchidas imediatamente no interior da Bahia.

Além do comércio, não faltam oportunidades em outros setores da economia baiana,  como a indústria e o agronegócio. Mas o apagão da mão de obra também tem deixado vagas ociosas nesses segmentos. Até o momento, em 2013, pelo menos 430 vagas ficaram sem preenchimento nas principais cidades médias do estado.


 

Na indústria, a carência de profissionais com qualificação técnica é uma ameaça ao crescimento econômico baseado no desenvolvimento de polos regionais. “A indústria, em todos os polos do interior, carece de profissionais com formação técnica. Embora haja espaço também para profissionais de nível superior, os técnicos vêm se destacando em razão da necessidade de mão de obra especializada em setores estratégicos”, afirma o superintendente do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (Cieb), Evandro Mazo.

Competitividade
“Trabalhadores com um bom nível de educação e qualificação profissional são a base para o desenvolvimento, com competitividade, da atividade produtiva e de uma região”, arremata Mazo. Para o superintendente, o crescimento do interior é essencial para que a economia continue aquecida. “O desenvolvimento assimétrico entre a Região Metropolitana e o interior é um dos principais desafios para o crescimento econômico da Bahia. É preciso prover condições para que as cidades de médio porte possam se desenvolver, aproveitando suas potencialidades para criar riquezas e reduzir os fluxos migratórios para Salvador”, sugere Evandro Mazo.

Aliada à interiorização das empresas, a educação técnica é a base desse desafio, destaca  Mazo. Segundo ele, os salários dos técnicos muitas vezes superam os de nível superior, justamente por conta da carência de profissionais.

Nem o básico
O presidente da FCDL, Antoine Tawil, revela que a deficiência no ensino básico tem refletido no atendimento ao consumidor pelo interior do estado. Há profissionais que não conseguem realizar tarefas básicas, como ler recados, escrever textos ou realizar operações matemáticas simples. Essa carência é vista como um grande empecilho para a interiorização do desenvolvimento no estado, caminho considerado prioritário, tanto por governantes como pela iniciativa privada.

Professora de ensino básico da rede pública e empresária do ramo da hotelaria em Ilhéus, no Sul do estado, Maria Helena Tavares também enfrenta problemas com o apagão profissional no mercado de trabalho do turismo. “As pessoas que procuram vagas na área de camareira e serviços gerais, por exemplo, têm qualificação muito baixa. Quando selecionamos, têm dificuldades para ler uma comanda, uma receita ou um aviso. Ou seja, coisas básicas”, lembra.

Em Feira de Santana, a situação não é diferente. “A necessidade de qualificação técnica é grande. A função com maior carência de mão de obra qualificada é a de vendedores, mas também há necessidade de profissionais nas áreas de gerência e administrativa”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Feira de Santana, Alfredo Müller.

Segundo o presidente da CDL de Ilhéus, Paulo Cézar Sanjuan Ganen, o resultado da falta de qualificação, na ponta da cadeia, é um atendimento de baixa qualidade. “Não vejo nas lojas um tratamento diferenciado, dentro dos padrões técnicos adequados”, afirma Ganen. “Mas isso não é só aqui. É um problema que se repete em cidades do interior do país”.

Dificuldade na aprendizagem se reflete na evasão de cursos
A indústria é um dos setores da economia que mais sentem o déficit da educação básica, já que a aquisição de conhecimentos específicos em muitos dos cursos de qualificação exige uma base sólida em disciplinas como matemática e física, por exemplo.

As dificuldades são refletidas nas escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no interior do estado. Um exemplo é uma das turmas de Técnico em Eletromecânica que hoje está prestes a se formar no Senai de Feira de Santana.

Dos 40 alunos que começaram o curso, há cerca de um ano e meio, apenas 19 continuam frequentando as aulas. “O curso exige muitos conhecimentos de física (elétrica) que eu deveria ter aprendido na escola no ensino médio, mas não tive essa base”, conta o estudante Wesley Freire dos Santos, que estudou em escola pública sua vida toda.

Wesley é um exemplo de superação.  “Precisei correr atrás, estudar muito, porque conseguir ir adiante depende de cada um. Mas muita gente não consegue superar essas dificuldades, porque tiveram uma base muito ruim”, considerou o estudante. Para superar as dificuldades, Wesley dos Santos contou com a ajuda de professores do curso, que o auxiliaram com atendimento fora de classe.  “Os professores sempre tiram dúvidas no turno oposto à aula. Isso me ajudou bastante”, explicou.

A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) tem Programa de Interiorização, implementado em cinco regiões do estado. O objetivo é levar mais qualificação para os trabalhadores da indústria local, contribuindo para o aument��������©B�� ��

A Bahia cresceu nos últimos anos em um ritmo acima do país. Novas frentes de trabalho foram criadas para atender à demanda de uma economia aquecida, mas a qualificação de mão de obra não acompanhou a mesma velocidade, especialmente no interior do estado. Para especialistas, o problema tem início no processo de aprendizagem: a educação básica. Sem a base, futuros profissionais encontram dificuldades para finalizar até cursos técnicos e profissionalizantes.

Especialistas entrevistados pelo CORREIO apontam a educação como prioridade para o desenvolvimento de uma região. “A interiorização do comércio varejista hoje está num ritmo muito acelerado. Mas o que existe hoje é o profissional sem muita experiência e sem muita qualificação. Isso vem refletir, justamente, o fraco desempenho educacional que se tem no interior”, considera o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Bahia (FCDL), Antoine Tawil.

Segundo ele, caso a demanda por profissionais com melhor educação fosse suprida, cerca de 10 mil vagas poderiam ser preenchidas imediatamente no interior da Bahia.

Além do comércio, não faltam oportunidades em outros setores da economia baiana,  como a indústria e o agronegócio. Mas o apagão da mão de obra também tem deixado vagas ociosas nesses segmentos. Até o momento, em 2013, pelo menos 430 vagas ficaram sem preenchimento nas principais cidades médias do estado.


 

Na indústria, a carência de profissionais com qualificação técnica é uma ameaça ao crescimento econômico baseado no desenvolvimento de polos regionais. “A indústria, em todos os polos do interior, carece de profissionais com formação técnica. Embora haja espaço também para profissionais de nível superior, os técnicos vêm se destacando em razão da necessidade de mão de obra especializada em setores estratégicos”, afirma o superintendente do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (Cieb), Evandro Mazo.

Competitividade
“Trabalhadores com um bom nível de educação e qualificação profissional são a base para o desenvolvimento, com competitividade, da atividade produtiva e de uma região”, arremata Mazo. Para o superintendente, o crescimento do interior é essencial para que a economia continue aquecida. “O desenvolvimento assimétrico entre a Região Metropolitana e o interior é um dos principais desafios para o crescimento econômico da Bahia. É preciso prover condições para que as cidades de médio porte possam se desenvolver, aproveitando suas potencialidades para criar riquezas e reduzir os fluxos migratórios para Salvador”, sugere Evandro Mazo.

Aliada à interiorização das empresas, a educação técnica é a base desse desafio, destaca  Mazo. Segundo ele, os salários dos técnicos muitas vezes superam os de nível superior, justamente por conta da carência de profissionais.

Nem o básico
O presidente da FCDL, Antoine Tawil, revela que a deficiência no ensino básico tem refletido no atendimento ao consumidor pelo interior do estado. Há profissionais que não conseguem realizar tarefas básicas, como ler recados, escrever textos ou realizar operações matemáticas simples. Essa carência é vista como um grande empecilho para a interiorização do desenvolvimento no estado, caminho considerado prioritário, tanto por governantes como pela iniciativa privada.

Professora de ensino básico da rede pública e empresária do ramo da hotelaria em Ilhéus, no Sul do estado, Maria Helena Tavares também enfrenta problemas com o apagão profissional no mercado de trabalho do turismo. “As pessoas que procuram vagas na área de camareira e serviços gerais, por exemplo, têm qualificação muito baixa. Quando selecionamos, têm dificuldades para ler uma comanda, uma receita ou um aviso. Ou seja, coisas básicas”, lembra.

Em Feira de Santana, a situação não é diferente. “A necessidade de qualificação técnica é grande. A função com maior carência de mão de obra qualificada é a de vendedores, mas também há necessidade de profissionais nas áreas de gerência e administrativa”, afirmou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Feira de Santana, Alfredo Müller.

Segundo o presidente da CDL de Ilhéus, Paulo Cézar Sanjuan Ganen, o resultado da falta de qualificação, na ponta da cadeia, é um atendimento de baixa qualidade. “Não vejo nas lojas um tratamento diferenciado, dentro dos padrões técnicos adequados”, afirma Ganen. “Mas isso não é só aqui. É um problema que se repete em cidades do interior do país”.

Dificuldade na aprendizagem se reflete na evasão de cursos
A indústria é um dos setores da economia que mais sentem o déficit da educação básica, já que a aquisição de conhecimentos específicos em muitos dos cursos de qualificação exige uma base sólida em disciplinas como matemática e física, por exemplo.

As dificuldades são refletidas nas escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no interior do estado. Um exemplo é uma das turmas de Técnico em Eletromecânica que hoje está prestes a se formar no Senai de Feira de Santana.

Dos 40 alunos que começaram o curso, há cerca de um ano e meio, apenas 19 continuam frequentando as aulas. “O curso exige muitos conhecimentos de física (elétrica) que eu deveria ter aprendido na escola no ensino médio, mas não tive essa base”, conta o estudante Wesley Freire dos Santos, que estudou em escola pública sua vida toda.

Wesley é um exemplo de superação.  “Precisei correr atrás, estudar muito, porque conseguir ir adiante depende de cada um. Mas muita gente não consegue superar essas dificuldades, porque tiveram uma base muito ruim”, considerou o estudante. Para superar as dificuldades, Wesley dos Santos contou com a ajuda de professores do curso, que o auxiliaram com atendimento fora de classe.  “Os professores sempre tiram dúvidas no turno oposto à aula. Isso me ajudou bastante”, explicou.

A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) tem Programa de Interiorização, implementado em cinco regiões do estado. O objetivo é levar mais qualificação para os trabalhadores da indústria local, contribuindo para o aument��������©B�� ��

A Bahia cresceu nos últimos anos em um ritmo acima do país. Novas frentes de trabalho foram criadas para atender à demanda de uma economia aquecida, mas a qualificação de mão de obra não acompanhou a mesma velocidade, especialmente no interior do estado. Para especialistas, o problema tem início no processo de aprendizagem: a educação básica. Sem a base, futuros profissionais encontram dificuldades para finalizar até cursos técnicos e profissionalizantes.

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