
Um presente do céu – Por Francisco Nery Júnior
Ela está na rua. Nós, os vizinhos, não sabemos quem a desprezou, embora ela seja um encanto. Chegou, recebeu uns afagos e ficou. No posto de gasolina, entre manobras de carros e carretas, ela, até agora, conseguiu sobreviver.
Está gorda, tem o carinho dos frentistas e dos vizinhos da Getúlio Vargas. Passeia à vontade, sobre e desce a Rua da Frente e acena com a cauda para os cidadãos de bem. Ela só não tem um lar para chamar de seu.
Contemple bem o leitor a foto anexa e corra a passos largos para receber um dos melhores presentes que você poderia receber; adotar. Pode ser um presente do céu para você; um remédio para um desânimo psicológico qualquer e uma companheira que jamais o trairá.
Um dia uma chegou à minha porta. Entrou de fininho e hoje é a filha que não tive. É a minha companheira canina, Lady, depois de Otta, nossa companheira, amiga, assessora, atalaia da área, presente inefável de Deus. Tinha um câncer vaginal que curamos com quimioterapia e voltou da morte para ser tudo que acabamos de testemunhar para o leitor.





