
Por Francisco Nery Júnior
Seu irmão Samuel já era meu amigo de longas datas. No começo difícil em Salvador – quase tudo é difícil no Brasil que é teimoso, que olha para trás, que teima em se comparar e só, e que, pasmemos, envereda por um caminho que deu errado em vários países que souberam dar meia-volta e se desenvolvem -; naquele começo trabalhamos juntos em uma firma de exportação. Era um Samuel da mesma lhaneza e mansidão que víamos em Reginaldo da Tijucana.
Então, ao encontrar Reginaldo em Paulo Afonso, o caminho já estava pavimentado para uma amizade duradoura. Fomos ambos, como quase todos de uma geração que se vai, ante uma geração que surge, pioneiros de uma época de ouro e de esperança para o Nordeste. Adotados pela Chesf, um dia cortamos os laços e, ainda cordialmente recebidos de braços abertos pela cidade, empreendemos em atividades diferentes. Vencemos a vitória da tenacidade e do trabalho. Vencemos sem nenhum tipo de bolsa (necessária em casos especiais) nem muleta de corriola de espertalhões.
Feitos cidadãos honorários, nos adaptamos à comunidade e aqui permanecemos. Ele até a morte. Eu, enquanto merecer a amizade e a confiança dos pauloafonsinos.
Reginaldo partiu para a eternidade e deixou uma carta – na realidade um bilhete próprio do coração – para nós. Derramou-se em agradecimentos, em letras garrafais, privilégio de um cidadão do bem. Abriu o coração e agradeceu. Deixou saudade e suscitou em nós a vontade de imitá-lo.
O agradecimento de Reginaldo, encontrado pelo filho no seu escritório, em meio aos seus alfarrábios, foi publicado e se tornou de domínio público.
Nós outros dele nos apoderamos, o confiscamos e o fazemos nosso em agradecimento a todos com quem interagimos na cidade que escolhemos adotar.






