Uma homenagem à trajetória de Hélio Remígio Gomes e ao poder do rádio em conectar vozes e corações.

Por: Rinaldo Remígio*
Para muitos, um radinho de bolso seria apenas um objeto simples, desses que cabem na palma da mão e servem para preencher silêncios. Mas, para Hélio Remígio, foi a porta de entrada para um mundo encantado de vozes, histórias e possibilidades. Aos nove anos, naquele gesto singelo de seu pai, Hilário Remígio Gomes, nascia mais do que um presente: nascia um destino.
Em Paulo Afonso-BA, cidade de sol forte e corações generosos, o menino Hélio se encantava com as ondas sonoras que cruzavam os céus nordestinos, chegando da capital sergipana e de gigantes como as rádios Globo, Nacional e Capital, de São Paulo. Enquanto outras crianças dormiam embaladas por contos, ele adormecia ao som das grandes vozes do rádio. Aquele Nacional era seu melhor amigo, sua escola secreta, sua conexão com o mundo.
Não é exagero dizer que o rádio escolheu Hélio. Em 13 de fevereiro de 1983, ele não apenas estreava na Rádio Cultura de Paulo Afonso — ele realizava um sonho, um sonho alimentado por anos de escuta atenta e paixão silenciosa. Com o Big Show da Manhã, o garoto do interior se tornava a voz que acordava a cidade. E, de lá pra cá, foram 42 anos de estrada, de microfones, de bastidores e aplausos, de dedicação ininterrupta à arte de comunicar.
Hélio não ficou preso à cidade natal — seu talento o levou por diversas emissoras do Nordeste, consolidando-se como um dos grandes nomes da radiodifusão nordestina. Premiado, reconhecido, admirado. Mas, mais do que os troféus, foi o carinho dos ouvintes que moldou a grandeza de sua jornada. Porque, quem ouve rádio, sabe: a voz verdadeira não precisa de imagem — ela toca direto o coração.
Mas ninguém constrói uma história tão sólida sozinho. Ao lado de Hélio, sempre estiveram os pilares que sustentam sua trajetória: sua esposa, seus dois filhos, seus netos. Cada programa apresentado também era um tributo a essa base de afeto e apoio incondicional. E, acima de tudo, em cada palavra ao microfone, havia a gratidão a Deus — o grande maestro da vida, o sopro que dá força à voz.
Hoje, ao celebrar mais um ano de vida e uma carreira de mais de quatro décadas, não é apenas Hélio Remígio Gomes que deve ser homenageado. É também aquele menino sonhador, de radinho no bolso. É Hilário e Josefa, pais que plantaram as raízes. É a família que o embala. É o rádio, esse companheiro fiel que nunca o abandonou. E são os ouvintes, fiéis escudeiros de uma história contada todos os dias, ao vivo, com alma e coração.
Porque, no fim, a maior conquista de Hélio não foi ser um locutor de sucesso. Foi transformar sua paixão em ponte entre vozes e corações. E isso, ah… isso o tempo jamais vai apagar.
*Administrador, contador, historiador e professor universitário.





