18 de dezembro de 2025

CRÔNICA – CPI dos absorventes (Francisco Nery Júnior)

Por

Redação (pa4.com.br)

Foto (ilustração/internet)

 

É o que vai acontecer. Fácil de prever. Consequência natural. Nossa próxima CPI: a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Absorventes.

Tomando como certo que o Estado é um mau gestor – e a nossa história recente está coalhada de falcatruas -, a distribuição gratuita, por força de lei, de absorventes femininos será a ocasião ideal para os nossos representantes fazerem a festa. No papel de sistematizador das funções e serviços públicos, a bem da verdade, o Estado Brasileiro, vamos convir, não é dos piores. Por força inerente das atribuições de fiscalizar, ou por força da marcação sistemática da mídia e dos cidadãos que assim se entendem, não somos dos piores.

O Congresso Nacional passou lei que obriga o governo a distribuir absorventes íntimos para as mulheres carentes. O presidente Bolsonaro, no uso das suas atribuições, vetou a lei argumentando a falta de previsão orçamentária.

Não ficou claro como será a logística de distribuição que, em si só, prevemos consumirá boa parte dos recursos caso o veto do presidente seja derrubado. Certamente haverá toda uma hierarquia de distribuição. Cargos serão leiloados, burocratas da assistência social se instalarão. Quiçá, haverá um tribunal específico ad hoc para resolver as mil querelas e as dificuldades próprias. Será uma festa digna de um Brasil que, mais uma vez, surpreenderá o mundo. Se para pior, o leitor é quem sabe.

A rede escolar poderia ser usada para a distribuição. ONGS, cooperativas e associações de bairros, idem. E cada uma dessas instituições, verdadeiros feudos do Reino do Brasil, terá o seu senhor feudal que terá, ou indicará, os votos das agraciadas. Felizes e enxutas, as nossas mães, irmãs, filhas, sobrinhas ou netas serão aos políticos agradecidas.

Um detalhe, apenas, nos encuca: por que só um lado do problema é contemplado na lei? Onde a isonomia? Por que não, também, papel higiênico? Enxugar todos os lados isonomicamente! Evidente que as nossas meninas merecem o melhor. Há que se fornecer a elas base segura para se desenvolverem como verdadeiras cidadãs. Com o sangue puro que circula na suas artérias, junto com os bravos meninos, o futuro do Brasil, o sangue dispensado pelo corpo devidamente descartado em absorventes fornecidos pelo Tesouro Nacional.

E poderia vir a pasta de dentes, a loção para o cabelo, shampoos, pentes, kits de maquiagem; sabonetes e desodorantes. Até que a CPI dos Absorventes se instale e bote tudo a perder.

Francisco Nery Júnior

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