28 de março de 2024

Grupo de Trabalho construirá proposta multisetorial para salvar o São Francisco

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Texto de Severino Carvalho (Agência Alagoas)

Ato em defea do Velho Chico reuniu prefeitos das cidades ribeirinhas, secretários de Estado, deputados e o governador de Sergipe, Jackson Barreto. (Fotos: Agência Alagoas)

Uma proposta multisetorial, técnica e eficaz. Esse será o desafio do Grupo de Trabalho (GT) anunciado nesta sexta-feira (15), pelo governador Renan Filho, durante o ato em defesa do rio São Francisco, na Casa de Aposentadoria, centro histórico de Penedo. O evento reuniu prefeitos das cidades ribeirinhas, secretários de Estado, deputados e o governador de Sergipe, Jackson Barreto.

“Não dá mais pra fazer o que foi feito no passado. Isso já ficou provado que não funciona. Então, por meio de decreto vou criar um Grupo de Trabalho para, até o fim do meu mandato, apresentar uma proposta à União, ao País. E vou, junto com os governadores do Nordeste, somar esforços para reunir as melhores cabeças, os melhores projetos existentes e, assim, apresentar uma proposta que diga o que deve ser feito, como deve ser realizado, quanto custa e quais são os reais benefícios”, declarou Renan Filho.

 

O governador de Alagoas afirmou que, além da revitalização, é necessário construir uma agenda de prevenção. “Essa agenda tem que ser feita, mas tem de ser feita de verdade, não com palavras”, enfatizou Renan Filho. Em comitiva, ele percorreu rio São Francisco, de Piranhas a Penedo, numa viagem que durou cerca de 15 horas, em dois dias, finalizada nesta sexta-feira (15).

“O rio pede socorro, e há muito tempo. Eu pude observar isso com os meus próprios olhos: uma de nossas embarcações encalhou. O rio já não permite mais uma navegação constante. Tivemos de parar a viagem e seguir um trecho de carro. Isso é revoltante por um lado e alarmante por outro”, classificou.

A comitiva chegou a Penedo às 11h30 desta sexta-feira. Renan Filho e o governador de Sergipe foram recebidos pelo prefeito de Penedo, Marcius Beltrão. Eles seguiram para o Theatro Sete de Setembro, que será reinaugurado à noite. Na parede do Theatro, os gestores descerraram uma placa fixada pela prefeitura, que deixará registrado o ato em defesa do rio São Francisco.

Em seguida, a comitiva seguiu a pé para a Casa de Aposentadoria, onde o ato foi realizado. O governador de Sergipe revelou que o São Francisco, que já chegou a ter uma vazão de 11 mil metros cúbicos por segundo, hoje amarga uma vazão de apenas 580 metros cúbicos por segundo, controlada pela Chesf. A situação pode gerar um colapso no abastecimento de água, impactando uma população de mais de um milhão de moradores de Aracaju e da grande Aracaju, cuja captação é feita no São Francisco.

“Estamos hoje com dificuldade de fazer a captação de água da região de Propriá ao município de Telha para o abastecimento de Aracaju, por conta da vazão de 580 metros cúbicos por segundo. Se não chover na cabeceira do São Francisco em novembro e não tivermos água no Oeste da Bahia, Aracaju e a grande Aracaju ficarão sem água. E eu vou colocar essa responsabilidade nas mãos da Chesf”, afirmou Jackson Barreto.

 


Durante o ato em defesa do São Francisco, ele apresentou a nota técnica: Avaliação dos Impactos Econômicos e Sociais da Redução da Vazão do São Francisco sobre o Estado de Sergipe.

Jackson Barreto revelou que quando recebeu o convite de Renan Filho, no início desta semana, para participar do ato em defesa do rio São Francisco, estava em São Paulo em busca de tecnologia para captação de água em volume morto com objetivo de livrar Aracaju do colapso no abastecimento de água.

“Eu acredito que o governador Renan Filho teve uma ideia muito importante, até uma feliz coincidência: esta semana estive em São Paulo com o governador Geraldo Alkmin, e fui buscar tecnologia de balsas flutuantes para melhorar a captação de água para o abastecimento de Aracaju e da grande Aracaju. A preocupação do governador Renan é a preocupação do governador de Pernambuco, da Bahia e do governador de Sergipe. Aliás, Alagoas e Sergipe são os dois estados mais prejudicados com a situação do rio São Francisco, até porque nós estamos após as hidroelétricas e, por isso, sofremos com a variação de vazão”, declarou Barreto.

Ele afirmou, ainda, que a Chesf não pode tomar posição com relação à vazão sem discutir com os governadores dos estados.

 

“Quero que a Chesf assuma a co-responsabilidade, o seu papel perante os estados e os municípios ribeirinhos. A Chesf não está aí apenas para cumprir a política de energia. A Chesf precisa também cuidar do ser humano, do homem. E nós precisamos de água para abastecer nosso povo”, finalizou Barreto.

Os dois governadores se declararam contrários à privatização da Chesf, neste momento de crise, para cobrir uma pequena parte do déficit orçamentário do Governo Federal. “É como vender a casa para comprar a janta”, comparou Renan Filho.

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COMENTÁRIOS

Comentários 4

  1. ELEITOR INVERGONHADO says:

    parabéns aos governadores q da apoio pra nâo privatizar á CHESF, porque quem mais vai sofrer com isso é a populaçâo, agora o governo esta querendo veder á eletrobrás, prá o ano que vem gastar o dinheiro com politica. e não prá tirar o brasil da crise, essa é q á verdade.

    • Pedro says:

      Amigo, já deveria ter vendida a anos, na sustentamos a Chesf pagando as bandeiras tarifárias, a Chesf nunca fez nada para revitalizar o rio, privatização SIM.
      Privatizando a Chesf ajudaria a revitalizar o rio para poder ter lucro, o governo não se preocupa com o rio, a maioria dos funcionários da chesf já estão aposentados, amigo você é da chesf? Já prestou serviço a Chesf, você sabe a quantidade de parasitas que tem lá dando prejuízos sem formação técnica.

  2. ELRL says:

    A redução de vazão do São Francisco está sendo discutida semanalmente com um grupo envolvendo todos os atores na sala de vídeo na ANA. A Chesf só cumpre as determinações oriundas dessas reuniões. Mais do que nunca, nesses momentos difíceis é importante que sejamos claros e verdadeiros, principalmente os líderes.

  3. SILVANO WANDERLEY FERREIRA . says:

    Não irá funcionar, pois o Velho Chico necessita de ações mais efetivas e duradouras: OBRIGAR OS PREFEITOS DAS REGIÕES ONDE SÃO BANHADAS O RIO PLANTAR MAIS ÁRVORES. EVITAR QUE DESPEJEM CARGAS ORGÂNICAS E AGROTÓXICOS DIRETO NO RIO. LANÇAR PROGRAMAS DE ECONOMIA DO USO INDUSTRIAL, AGROPECUÁRIO E DOMÉSTICO DO USO MÚLTIPLO DA ÁGUA. CRIAR MECANISMO DE PROTEÇÃO MONITORAMENTO DE AÇÕES AO LONGO DA BACIA HIDROGRÁFICA E PUNIR OS INFRATORES QUE DEGRADAM ÁREAS VERDES AS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO…
    E tudo isso poderia ser feito por Leis e Decretos…

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