20 de abril de 2024

Sucessão de greves desgasta PT na Bahia

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A sucessão de greves de servidores públicos da Bahia se transformou no principal foco de desgaste do governador petista Jaques Wagner e alimenta a artilharia dos adversários do PT na eleição para a Prefeitura de Salvador.

Pesquisas por telefone encomendadas pela pré-campanha de Nelson Pellegrino (PT) já detectaram potenciais estragos eleitorais da greve dos professores do Estado, que já se estende por mais de dois meses.

Segundo o sindicato, é a paralisação mais longa da categoria no Estado.

O PT teme que o passivo político do governo contamine a campanha municipal ao enfraquecer o potencial de Wagner como cabo eleitoral e, por tabela, elevar a rejeição ao candidato do governador.

Professores querem reajuste de 22,22% neste ano e o Estado ofereceu 14%, escalonados até 2013.

Em fevereiro, policiais militares pararam por 12 dias, abrindo espaço para uma onda de violência em que ocorreram 176 assassinatos em Salvador e na região metropolitana (o triplo do normal).

Enquanto o impasse permanece, opositores do DEM e do PMDB indicam que os problemas do governo com os servidores serão explorados na campanha.

"É inevitável que o PT pague o preço porque o eleitor vai comparar o que o partido pregou nas campanhas e o que está fazendo no governo", disse o deputado federal ACM Neto (DEM), pré-candidato à prefeitura.

Nos últimos dias, o governo veicula publicidade em rádio e TV com apelo aos professores pela volta às aulas. Wagner subiu o tom e acusou os docentes de prejudicarem os estudantes por intransigência.

"É uma situação incômoda, mas o governo está buscando uma solução. Eles [DEM e PMDB] não têm legitimidade para criticar porque sempre trataram trabalhadores como caso de polícia", disse o presidente do PT-BA, Jonas Paulo.

Procurado, Pellegrino não respondeu aos pedidos de entrevista.

"ANGÚSTIA"

Estudante do terceiro ano do ensino médio, Maria Moura, 17, se diz "angustiada" com a greve que mantém sua escola fechada há dois meses em Salvador.

Além do temor de não concluir o ano letivo, ela diz sofrer com a defasagem no aprendizado. Moura espera obter nota alta no Enem e cursar medicina em 2013.

"Estou fazendo cursinho e está muito complicado entender conteúdos que não aprendi porque não teve aula."

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino da Bahia registrou aumento da procura de pais de estudantes de escolas públicas por matriculas em colégios particulares, mas eles estão ouvindo sucessivas recusas.

"Nos últimos 15 dias, mais de 50 pais vieram tentar matricular os filhos, mas não pudemos absorver esses alunos porque não temos como retroagir no conteúdo", diz Fátima Franco, diretora pedagógica do Colégio Análise.

O governo informou que irá anunciar na próxima semana um plano para retomada das aulas e reforço escolar a estudantes do último ano, mesmo que a greve continue.

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